Publicado pela primeira vez em 1921 em uma revista amadora (fanzine?) chamada The Wolverine, A cidade sem nome (The nameless city) é o conto de H. P. Lovecraft que dá início às suas histórias sobre o mito de Cthulhu*, mitologia essa criada pelo próprio autor.
Aqui conhecemos, então, um viajante que ao atravessar o deserto árabe se depara com essa cidade perdida no tempo, a Cidade Sem Nome, sem história, desconhecida pelo homem não por não estar contida nos livros de história, mas porque nenhum homem se atraveria a conhecê-la.
O destemido narrador, apesar de todos os avisos das vozes ancestrais para se ter cuidado e evitar aquela cidade que chegam até ele sabe-se lá como, resolve, sim, por quê, não, oras?, visitar a Cidade Sem Nome.
Uma vez lá dentro, ele se depara com um templo peculiar, cuja arquitetura parece bastante avançada para uma cidade abandonada há séculos como aquela, e as "esquisitices"não param por aí.
Excelente na arte de criar ambientes tensos, cuja tensão aumenta a cada parágrafo durante a leitura, Lovecraft vai levando o leitor através do olhar do narrador por essa "visita guiada", e acaba por deixá-lo absolutamente intrigado com o que se encontra naquele lugar abandonado e esquecido por todos.
Como aquilo tudo foi parar ali? Quem eram os habitantes da Cidade Sem Nome? O que teria acontecido com eles?
Excelente porta de entrada para a obra do autor que apesar de toda a fama alcançada nas últimas décadas, ainda permanece obscuro.
OBS: A edição contendo a obra completa de H. P. Lovecraft que aparece na foto, foi lida em inglês; a tradução dos trechos a seguir foram feitas por mim.
“Quando cheguei à cidade sem nome, sabia que era amaldiçoada. Viajava sob a luz do luar por um vale assustador, e, à distância, pude ver a cidade erguendo-se sobre as areias como parte de um corpo em putrefação escapando de sua tumba destroçada. O medo escapava pelas pedras desgastadas da cidade antiga, sobrevivente de enchentes, tataravó da mais antiga pirâmide; uma aura invisível me repeliu e me obrigou a me afastar de seus sinistros segredos ancestrais que homem algum conhecia, e que nenhum homem ousaria conhecer.”
(p. 1)
“O templo, como eu vislumbrara do lado de fora, era muito maior do que os já conhecidos; e era presumivelmente uma caverna natural, já que continha correntes de ar provenientes sabe-se lá de que região. Lá dentro eu conseguia ficar de pé, ereto, mas pude observar que os altares eram da mesma altura dos outros templos. Nas paredes e teto pude ver, pela primeira vez, alguns traços da arte pictórica da raça ancestral, pinturas curiosas quase apagadas pela ação do tempo; e em dois dos altares, pude ver com certa excitação um labirinto muito bem feito de relevos curvilíneos esculpidos. Ao erguer minha tocha, notei que o formato do teto era regular demais para ser natural, o que me deixou curioso sobre como os talhadores de pedra primitivos fizeram seus primeiros trabalhos. Seus conhecimentos de engenharia devem ter sido vastos.”(p.3)“Minha mente girava em pensamentos alucinados, e os avisos dos profetas árabes pareciam flutuar pelo deserto, vindos das terras conhecidas pelo homem, para a cidade sem nome que eles mesmos não ousam conhecer. Ainda assim, hesitei por um momento antes de avançar portal adentro e começar minha escalada abaixo cuidadosamente, pé ante pé, como quem desce uma escada.”
(p.3)
“Minha mente girava em pensamentos alucinados, e os avisos dos profetas árabes pareciam flutuar pelo deserto vindos das terras conhecidas pelo homem para a cidade sem nome que eles mesmos não ousam conhecer. Ainda assim, hesitei por um momento antes de avançar portal adentro e começar minha escalada abaixo cuidadosamente, pé ante pé, como quem desce uma escada.”
(p.4)
(p. 1)
“O templo, como eu vislumbrara do lado de fora, era muito maior do que os já conhecidos; e era presumivelmente uma caverna natural, já que continha correntes de ar provenientes sabe-se lá de que região. Lá dentro eu conseguia ficar de pé, ereto, mas pude observar que os altares eram da mesma altura dos outros templos. Nas paredes e teto pude ver, pela primeira vez, alguns traços da arte pictórica da raça ancestral, pinturas curiosas quase apagadas pela ação do tempo; e em dois dos altares, pude ver com certa excitação um labirinto muito bem feito de relevos curvilíneos esculpidos. Ao erguer minha tocha, notei que o formato do teto era regular demais para ser natural, o que me deixou curioso sobre como os talhadores de pedra primitivos fizeram seus primeiros trabalhos. Seus conhecimentos de engenharia devem ter sido vastos.”(p.3)“Minha mente girava em pensamentos alucinados, e os avisos dos profetas árabes pareciam flutuar pelo deserto, vindos das terras conhecidas pelo homem, para a cidade sem nome que eles mesmos não ousam conhecer. Ainda assim, hesitei por um momento antes de avançar portal adentro e começar minha escalada abaixo cuidadosamente, pé ante pé, como quem desce uma escada.”
(p.3)
“Minha mente girava em pensamentos alucinados, e os avisos dos profetas árabes pareciam flutuar pelo deserto vindos das terras conhecidas pelo homem para a cidade sem nome que eles mesmos não ousam conhecer. Ainda assim, hesitei por um momento antes de avançar portal adentro e começar minha escalada abaixo cuidadosamente, pé ante pé, como quem desce uma escada.”
(p.4)
Onde encontrar The Nameless City: H. P. Lovecraft - The Collection
* Permaneço sem saber pronunciar "Cthulhu"; quem puder ajudar, agradeço :)
Quero ler, aaaaaaa. ♥
ResponderExcluirwww.freakandcreepy.com
Bom dia! Seu blog é muito inspirador! Estou gostando de navegar por ele! Parabéns!Eu tamnbém estou començando o meu, o www.vafe--com--leitura.blogspot.com. Quando quiser, dá uma passadinha lá! BJs
ResponderExcluir*ALERTA DE SPOILER*
ResponderExcluirEstou mal de interpretação de texto porque, ao final da leitura, fiquei em dúvida se ele ficou preso no abismo ou, se por algum meio mágico, ele ficou do lado de fora (ainda no mundo da superfície) quando a porta foi fechada. O que vocês acham?
Ele conseguiu sair, se não o conto não chegaria até a gente.
ExcluirPara mim, ficou preso.
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