Publicado
pela primeira vez na revista The New Yorker, em 2007, Cell One (Cela #1)
aparece dois anos depois da coletânea de contos da autora, The Thing Around
Your Neck. Essa é a história de uma família composta pelo pai, professor
universitário, a mãe dona de casa, a filha fantasma narradora e o irmão, que
apesar da vida boa proporcionada pelos pais, resolve entrar para uma
gangue.
O
conto já começa nos mostrando o dia em que os pais e a menina chegam em casa e
a encontram revirada, as joias da mãe roubadas. Num primeiro momento a família
atribui aquilo à onda recente de criminalidade na vizinhança. A narradora sabe
desde o início que o responsável era o próprio irmão; os pais, custam a
acreditar (primogênito, bem-criado, mimado pela mãe; como pode?).
Certo
dia, o rapaz se envolve em uma confusão seguida de tiroteio em um bar; alguém
morre e ele vai preso. Todos temem a possibilidade de o rapaz parar na “Cela #1”,
lugar mais temido do presídio, de onde dificilmente se sai vivo.
A
narradora nos conta de forma crua sobre esses eventos familiares, o sacrifício
que os pais fazem para manter as visitas diárias ao presídio distante, as
falhas do sistema carcerário nigeriano, o abuso das autoridades, as mudanças
(?) pelas quais o irmão passa no presídio.
*OBS: no momento em que escrevo esta postagem, o livro de contos da
Chimamanda ainda não tinha publicação no Brasil; a tradução do título do conto e dos trechos
a seguir é livre, feita por mim; os trechos a seguir não trazem o número das páginas,
pois o conto foi lido em ebook:
“Era a época dos
roubos em nosso campus tranquilo. Garotos que cresceram assistindo a “Vila
Sésamo”, lendo Enid Blyton, comendo sucrilhos no café da manhã, e frequentando
a escola de aplicação da universidade em sandálias de couro marrom bem cuidadas, estavam cortando as redes anti mosquito das janelas dos vizinhos, quebrando as
persianas, e invadindo as casas para roubar aparelhos de TV e vídeo cassete.
Nós conhecíamos os ladrões. Mesmo assim, quando os professores se encontravam
no clube de funcionários ou na igreja, ou numa reunião de docentes, eram
cuidadosos ao comentar baixinho sobre a horda que saía da cidade para roubar
seu sagrado campus.”
“”Ei! Madame, por que a senhora gastou sua pele clara com o garoto e
deixou a menina tão escura? O que o garoto está fazendo com toda essa beleza?”
E minha mãe ria tímida, como se sentisse uma responsabilidade maliciosa pela
aparência do Nnamabia.”
“Na segunda semana, disse a meus pais que não fossemos visitar
Nnamabia. Não sabíamos por quanto tempo teríamos que fazer aquilo, e a gasolina
era cara demais para se dirigir por três horas, todos os dias, e não seria ruim
para o Nnamabia se virar sozinho por um dia.”
Não é minha Chimamanda preferida, mas vale a leitura.
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Onde encontrar The thing around your neck, em pré-venda em
português: No Seu Pescoço
Com certeza vou ler, quero ler tudo da autora. E a capa ficou maravilhosa.
ResponderExcluirGostei da premissa do conto. Mais ansiosa pela leitura.
Beijos