Publicado em 1819, O Vampiro (The Vampyre) na verdade foi escrito em 1816, durante aquele famoso soirée em que Percy Shelly, sua esposa Mary Shelley, Lord Byron e companhia resolveram escrever histórias de terror para se entreter. Uma dessas histórias a sobreviver ainda hoje no imaginário de leitores do mundo todo é o Frankenstein; outra, o conto de JW Polidori em comento.
A história começa em Londres, com a chegada de um estranho e sedutor rapaz da alta roda, e, mais ou menos na mesma época, um outro rapaz chamado Aubrey. Aubrey se interessa pelo estranho rapaz, faz amizade, os dois combinam viagens a Grécia, etc. Durante a viagem a Grécia, Aubrey começa a notar certas peculiaridades no comportamento do amigo, sobretudo em seu estranho costume de se aproveitar de moças. Quando ele seduz mesma jovem por quem Aubrey está interessado, os dois entram em uma discussão e se separam. O que acontece em seguida, é uma série de desventuras com direito a estranhos assassinatos envolvendo vampiros, o reatar da amizade entre os dois rapazes, um assalto que termina na morte do estranho amigo de Aubrey, e - seu reaparecimento em Londres um tempo depois.
Dizem que o conto serviu de inspiração para que Bram Stoker criasse o seu Drácula, principalmente por ter sido aqui a primeira vez em que um vampiro fora descrito como aristocrático, refinado e sedutor.
"(...), tinha a fama de possuir uma lábia irresistível e, fosse porque esse dom superasse a
estranheza ameaçadora de sua personalidade ou porque as pessoas se sentissem tocadas por sua
aparente rejeição aos vícios, com a mesma frequência ele convivia com mulheres que enobreciam seu
sexo por conta de suas virtudes domésticas, como com as que o maculavam por causa de sua má conduta."
(p.13)
"Todos a quem lord Ruthven amparava descobriam, inevitavelmente, que havia uma espécie de maldição agregada ao que recebiam, já que ou acabavam arrastadas para a forca ou afundavam na mais profunda miséria."
(p.17)
"Se já havia tocado a sua imaginação a suspeita de que haveria algum poder maligno inerente a Ruthven, agora a carta lhe dava razões suficientes para ter certeza.
Seus tutores insistiam que ele deveria afastar-se imediatamente do amigo e enfatizavam que o caráter dele seria perigosamente corrompido, por causa dos irresistíveis talentos de sedução de Ruthven, que tornavam seus hábitos licenciosos ainda mais daninhos às pessoas à sua volta."
(p.19)
Considero o conto excessivamente longo e dramático (aliás, nada mais dramático do que a última linha desse conto - tenho certeza de ter ouvido um TÃ-Tã-tããããããããã... ao final da leitura. Há de se levar em consideração o leitor do início do século XIX, que mal conhecia histórias sobre vampiros; o leitor de hoje, mais exposto a milhares de versões dessa lenda, dificilmente vá achar esse conto aterrorizante.
Onde encontrar O Vampiro: Góticos - Contos clássicos - Vol. 1
Tatiana, também achei esse conto excessivamente longo.
ResponderExcluirConcordo também quanto ao fato de ele não ser nada aterrorizante para os leitores de nosso século rs
Contudo, achei maravilhoso saber de que este conto originou o perfil do vampiro enigmático e sedutor que descendeu Drácula. E só de saber que fora concebido em tal ocasião, na casa de Lord Byron, nascido juntamente com Frankenstein dá aquele quentinho bom no coração. haha
Há um romance gótico/erótico chamado "As piedosas", do argentino Federico Andahazi, que traz como personagens Lord Byron, Mary e Percy Shelley, John Polidori e William Legrand (protagonista de "O escaravelho de ouro", de Edgar Allan Poe) e conta uma versão bem mais macabra do tal soirée. É um livro curtinho, dá pra ler de uma pegada, mas acho que, hoje em dia, só se encontra em sebos.
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