Publicado em duas partes, sendo a primeira apresentada nessa edição da foto de 1885, e a segunda parte de 1883, Nos banhos (se alguém souber o original em russo, por favor) é um conto muito engraçado sobre costumes russos no final do século XIX. Na primeira parte, a gente conhece esse barbeiro, funcionário de um banho [estilo banho romano, mesmo] que enquanto trabalha, fala mal da vida alheia e acaba confundindo um membro do clero com alguém de determinado grupo que ele repudia - por conta dos cabelos longos do homem. O barbeiro vai metendo os pés pelas mãos e vai causando aquela vergonha alheia em quem lê. Já na segunda parte temos a conversa entre clientes do banho; um deles contando as mazelas da vida com relação à filha que já teve pretendentes, mas ainda não se casou (e ele se culpa, porque afinal, ele é uma criatura muito dócil).
"- Existem diversos tipos de instrução... Há, naturalmente, gente instruída que atinge altos cargos, mas outros passam a vida toda como escriturários e, depois, não se tem mesmo com que enterrá-los. Gente assim não falta agora. Costuma vir aqui um desses... instruídos... trabalha nos correios... Sabe tudo, pode redigir sozinho os telegramas, mas lava-se sem sabão. Até dá pena olhar!
- Pobre, mas honesto! - veio da tábua superior uma voz rouca de baixo - Temos que nos orgulhar
de gente assim. A instrução, aliada à pobreza, testemunha altas qualidades de espírito. Ignorante!"
(p.16)
"- Não sou escritor, mas não se atreva a falar daquilo que não compreende. A Rússia já teve muitos escritores, que trouxeram grande proveito ao país e, por isso mesmo, devemos honrá-los, em vez de falar mal deles. estou me referindo a escritores tanto profanos como religiosos."
(p.17)
"- Mas, perdoar-te por quê?
(...)
- Por ter pensado que o senhor tem ideias na cabeça!"
(p. 19)
"- Não se casou porque deus não me dotou de gênio forte. Sou muito quieto e doce por natureza, e atualmente, não se consegue nada com doçura. Os noivos de agora são ferozes e deve-se agir de acordo."
(p. 19)
"Confesso que me agradava de modo especial. (O pretendente) ficou regateando comigo uns dois meses. Eu lhe oferecia oito mil, ele queria oito mil e quinhentos. Às vezes, a gente sentava-se para tomar chá, cada um bebia quinze copos, e continuava-se a regatear. Ofereci mais duzentos rublos, mas ele não concordou! Pois bem, acabamos por nos separar por causa de trezentos rublos. Indo embora, o coitado chorava... Amava muito a minha Dacha! Agora eu me xingo, pecador que sou, fico me xingando de verdade! Bastava eu dar aqueles trezentos, ou então assustá-lo, desmoralizá-lo em toda a cidade, levá-lo a um quartinho escuro e dar-lhe na cara."
(p. 23)
Divertidíssimo.
Onde encontrar Nos Banhos: A dama do cachorrinho e outros contos (A. P. Tchekhov)
Olá! Realmente parece ser engraçado, adoro contos, quando estou com preguiça de ler uma longa história, nos divertimos com pequenas histórias. Entretanto, contos que terminam sem sentido me irritam, por isso estou adorando suas dicas de contos aqui no blog (gostaria da mesma forma se fosse no youtube, tanto faz). Beijo!
ResponderExcluirEu gosto tanto deste livro. Camaleão e Olhos Mortos de Sono são os meus contos preferidos.
ResponderExcluirTatiana, o nome original deste conto é "В бане" :)
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