Ninguém vai ficar com Mary (por Hpcharles)


"The politically correct crowd is tolerant of all viewpoints, except those they disagree with."
Bobby Jindal

"I am greatly misunderstood by politically correct idiots."
Brigitte Bardot


Meus caros, está cada vez mais difícil dizer qualquer coisa que não seja na direção exclusiva da mais vulgar babação de ovo. A crítica negativa que frequentemente se mostra como a mais produtiva - vez que catapulta quem presta ao apuro - está sendo defenestrada sem dó nem piedade.

Tudo porque foi se criando ao longo do tempo uma geração de bebezões ultra sensíveis que, alimentados por mammys com leite Ninho servido em tijelinhas multicoloridas, não suportam serem contrariados em seus gostos e atitudes. É compreensível. Tais párvulos que provavelmente se comportavam como minúsculos déspotas do lar, césares em seus núcleos familiares, precisam agora, expandir seus impérios. Nesse diapasão, mal lhes cabe o pequeno teclado, ansiosos que são pelo infinito internético.

Atabalhoados e irascíveis, acreditam soberanamente que a vagabunda cultura que ajudaram a implementar e que basicamente consiste em alardear que se sentem ofendidos por desigualdade e forma de discurso, geraria, em vilões sinceros mas desbocados, a expectativa ou obrigação de ligarem a mínima para o espinho que entrou em seus pezinhos delicados. Mas não gera. Não dá certo. Funciona apenas com os paumolescentes, os acabadiços e com os xodós da vovó. Na verdade, a outra parcela, aquela despudorada - na qual me incluo - , caga um quilo para esse tipo de mentalidade trivial, eivada de obsceno passadismo.

Como afirmei, apesar de não dar a mínima para esse tipo de manifestação no sentido intelectual da bagaça, ou seja, não me desvio do que pretendo dizer para agradar a ignorância e a sensibilidade de cristal alheia, já que ainda não resido na Coreia do Norte, é razoável consignar que o M.O. desses pascácios “seiláquenzinhos” enche os colhões de qualquer um que seja um pouco mais esclarecido.

Sim, porque para eles tudo é pessoal. A porra do autor que os caras curtem pode morar no Alasca no meio do gelo e levar seus livrinhos aos correios para serem despachados para a editora usando trenós puxados por um par de huskies, mas para eles é como se fosse o tio querido que conta piadas sem graça nos feriados. É íntimo, brother pacas! Feliz em seu iglu, ele não está nem aí para os capiaus, que como rábulas desengonçados, insistem em lhe defender com a própria vida e alma, mesmo que ele nunca tenha pedido por isso. Nem de longe. Mas sabe como é, né?

A regra é que só se pode ou se deve dizer que é bom, caso contrário o apropriado é calar silente. Se alegar que é gordo, feio, fedido, bolorento, meio barro, meio tijolo, como um tradicionalíssimo cagalhão matinal, não vale. Mesmo que seja e que você explique porque é com toda a paciência, assim como se explicaria àquela sobrinha de 5 anos de idade que ainda tem sua capacidade cognitiva limitada e adora brincar com cubinhos lógicos.

Esse LIXO comportamental é o pai do debate asnático, do respeito não conquistado, de tudo aquilo que não foi dito quando poderia ou deveria ter sido. E é essa merda que parece receber cada vez mais adubo nas redes sociais. Gente com pouco o que fazer e que parece direcionar o tempo – que tem de sobra – para ser a diretriz moral do mundo, se prestando ao desserviço de determinar o quê ou como, eu ou você, podemos avaliar algo. Mesmo que o façamos em nosso canal/página/site, o caralho que for. Mesmo que tenhamos lido muito mais sobre o assunto do que a pessoa, que preguiçosa (invariavelmente o é), não tenha sequer se dado ao trabalho de dar um “Google”.

Pois é assim que caminha a porra da humanidade. Um batalhão de nenéns precocemente desmamados, chorões sem o picolé, que urgem por encaixotar as opiniões, as nivelando por baixo, ou chutando pra escanteio. Que bosta. Vai ver é a fralda que fica suja em cada contradita digitada.

Parvos, se arrepiam com qualquer “xingamentozinho”, mas não percebem que a opressão educada que apregoam é cem vezes mais ofensiva e irritante. Tem que ser o time deles e jogar no esquema que escolheram. "Mas eu usei com "TODO O RESPEITO" na frase e fui ofendido". Sim, porque para esses príncipes, ao que tudo indica, a cortesia espúria impermeabilizaria a ofensa. Ora, vão se foder. Mas vão...por favor.

Quantos desses viram ou riram a valer com as comédias sem limites dos irmãos Farrelly? Será que foram lá bombardeá-los por conta da graça com retardados, anões e cia? O que seria de filmes como “Quem vai ficar com Mary” e “Eu, Eu mesmo e Irene”, com essa trupe de pândegos involuntários que infesta o mundo virtual?

Podem gostar do que há de pior, de mais estúpido, do que é mais pobre esteticamente, das rimas vomitadas por ignaros, do humor previsível, dos livros que não deveriam ter sido escritos, da mesmice coloridinha, do estupro da arte por editoras, estúdios, progaganda e comércio, mas, ainda assim, temos que dosar nossas críticas pelo medidor deles. Melhor isso do que a verdade certificada, embasada, bem argumentada. O discurso é pífio, mas a tolerância deve restar lá, no pedestal de marfim. Não importa o preço. Tudo para o cagão ficar bem. Quer um cafuné, bebê?

Maldita condescendência covarde e improdutiva!

Afirmo sem pudor ou medo de errar que já passei do limite algumas vezes e já vi muitos outros passarem também. Mas me recordo justamente "desses outros", estivessem certos ou errados. Foi com eles que acordei, que me motivei, que percebi que deveria aprender mais. Com aqueles que não me deram desculpas esfarrapadas, que não passaram a mão na cabeça, que romperam com a hipocrisia, que caminharam em outra direção, ao arrepio da manada.

Destarte, se desejam morrer abraçados com a mediocridade de tal comportamento, se almejam como meta o óbvio, se optam por viver a vida inteira sem embates intelectuais, fingindo que está tudo bem e utilizando a palavra “respeito” como escudo de areia, ótimo. Mas, nesse processo, por obséquio, tentem não cagar regras para quem não quer morrer afogado, abraçado com a bigorna.

Não é por nada, não. É só porque é chato e cansativo pra caralho. E também porque é burrice. Sempre existirá alguém que não irá ligar a mínima para a sua sensibilidade perfunctória, alienada, imberbe. E não, não escrevi esse texto porque me preocupo com aqueles que vivem na segurança de seus condomínios politicamente corretos. Me preocupo é comigo mesmo. Sim, porque quando a bolha estoura e o padrão a ser adotado é o restritivo, inclusive legalmente, ninguém pode dizer é nada. Aí você vai chorar. Justamente porque estão tentando cercear aquilo que VOCÊ pode dizer ou não. Porque alguém, em algum lugar, está trabalhando para determinar o que é correto ou não a ser reproduzido. Porque estão tentando impor padrão a você, como você agora faz com os outros.

Como é fácil perceber, a minha preocupação é totalmente egoísta. Eu genuinamente quero que você se foda com a cultura da indulgência gratuita e leve junto a sua enfadonha glamourização do mimimi. Isso foi ofensivo o suficiente para você? Pois fique feliz...ainda há espaço para a ofensa.

10 comentários:

  1. Me deu vontade de enfiar esse texto goela abaixo de uma dezena de conhecidos. Você tocou na ferida de muita gente que usa às redes sociais, principalmente o Facebook, como o muro das lamentações. A 'glamourização do mimimi' chegou a um ponto insuportável. Enfim, ótima crítica, Hp! E com uma ironia sutil como um soco na cara haha abs

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  2. Você é uma das pessoas que me representa. adorei a crítica.

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  3. Colocou pra fora, o que sempre pensei, porém ainda não tinha conseguido expressar!

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  4. o mimimi é realmente insuportável... e sempre irá existir. a questão de usar a internet para se lamentar ou mandar se "danar" qualquer pessoa que dizer que não gosta de tal saga modinha ~vem sido o mais comum ultimamente~, por exemplo, se tornou rotina.

    porém não gosto da ofensa gratuita simplesmente porque a pessoa não soube aceitar críticas. é só deixar pra lá e seguir em frente. a crítica construtiva é ótima quando não se torna uma crítica pessoal ou passa-se a utilizar a generalização ;)

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  5. O lado ruim do politicamente correto é não dizer o que se pensa de verdade. Sem críticas não se evolui, principalmente diante de polidos elogios falsos. O medo de críticas e processos tem emburrecido a sociedade e levando as novas gerações a viverem em uma bolha cor de rosa onde só se ouve coisas agradáveis e estimulantes. A geração leite com pêra e Toddynho tende a crescer exponencialmente.

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  6. Uol... fiquei sem ar! É exatamente essa a miséria que nos assola atualmente. Tudo tem que ser métrico, límpido e politicamente correto. E a minha vontade é exatamente de soltar um "vão se foder!".

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  7. Adorei a sua crítica, até fiquei sem palavras para a puder descrever ou comentar.
    Voce deu palavras ao que me vai na mente.
    Beijos.
    http://mariacrescida.blogspot.pt/?m=1

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  8. tu deverias escrever com mais frequência.

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