Marion Eleanor Zimmer Bradley nasceu em Albany, Nova Yorque em 1930, bem no meio da depressão econômica que assolava o país desde 29. Filha de pais muito pobres, precisou trabalhar muito cedo como garçonete e faxineira. Aos 16 anos, ganhou da mãe uma máquina de escrever e começou a dar vida aos seus personagens.
Primeiro, para sobreviver, escrevia romances sensacionalistas, como estórias de sexo e mistério para revistas. Nos anos 50 já era reconhecida como uma escritora de sucesso produzindo esse tipo de “sub-literatura”.
Chegou a escrever fanfics da obra de Tolkien (sobre sua personagem preferida, Arwen – inclusive alguns desses contos sobre Arwen chegaram a fazer parte de sua antologia profissional).
Enveredou mais tarde pela ficção científica e ficou mundialmente conhecida como a escritora da série Darkover (ainda tem muita gente fã desses livros por aí... ).
Mas nada disso importa porque um belo dia, casada pela segunda vez e com 2 filhos para criar, ela resolve entrar para um grupo de ativistas lésbicas e resolve escrever livros e mais livros com mulheres fortes como protagonistas.
E é esta a minha fase favorita da Marion – porque aqui ela escreveu simplesmente 4 dos livros mais sensacionais já escritos por alguém em todo o mundo: As Brumas de Avalon.
Quando do seu lançamento, As Brumas de Avalon ficou na lista dos mais vendidos por meses. Foi traduzido para diversas línguas. E pela primeira vez ela escreveu algo incontestavelmente de excelente qualidade. Aqui ela recria a lenda do Rei Artur a partir do ponto de vista das personagens femininas da estória (sua mãe Igraine, sua irmã Morgana, sua esposa Guinevere...). Este livro tem diversas prequências e uma sequência (a estória começa portanto durante a queda de Atlântida (em 2 volumes) e termina em A Sacerdotisa de Avalon com a história de Helena, mãe de Constantino.).
O incêndio de Tróia, também, na mesma linha, conta a história da guerra a partir do ponto de vista de Cassandra – outra incrível personagem feminina.
Marion deixou alguns livros inacabados que foram finalizados por escritoras amigas suas.
Ela morreu em 1999, ano em que eu estava terminando o colégio técnico. Fora Kurt Cobain e Renato Russo (alguns de meus ídolos da adolescência), lembro de ter chorado pela morte da autora de alguns dos livros responsáveis pelas minhas intermináveis visitas à biblioteca pública.
Sempre que posso, releio As Brumas, sonho com Lancelot, torço por Morgana e choro por Arthur.