Anos 90, é você?

Semana passada dei uma atividade/game pra uma das minhas turmas de teenagers.
O grupo ganhador teve como "prêmio" escolher uma música com a qual eu prepararia uma atividade para a próxima aula.

Eu já estava preparada psicologicamente pra que eles escolhessem algo do tipo Selena Gomes, Mylie  Cyrus, Imagine Dragons (adolescentes gostam muito dessa banda, aparentemente)... mas eis que a música escolhida foi:

In These Arms.

do Bon Jovi.

passado aquele momento de "wtf? será que eu ouvi direito?", perguntei pro porta voz do grupo:

"mas hein, sua mãe é fã do Bon Jovi?"
"não, sou eu mesmo o fã!" * pisca *
"in these arms?"
"é."
"ok."

Bem, nós tinhamos o vinil do Keep the Faith.
E minhas irmãs mais velhas ouviram esse disco até a morte (do vinil).
eu tinha uns 8, 9 anos, a MTV estava chegando no Brasil, e um dos programas mais legais era o "Ponto Zero", de domingo à noite, no qual eram transmitidos os video clipes novos.

A gente seguiu as estreias tanto do Keep the faith quanto do In these arms.
E quando Keep the faith saiu, a graça era ver que "OMG, Bon Jovi cortou o cabelo!", seguido pelo
"O mesmo corte da Julia Roberts!!!"  (sim, Julia Roberts usou aquele corte antes do Bon Jovi,rs...
mais alguém aí lembra disso? rs...)

Enfim, estava aqui terminando de preparar a atividade, fui ver o videoclipe e... wow... Bon Jovi era gato...


OBS: atenção especial à careta que ele faz pro microfone no final do videoclipe ;)

OBS 2: este post é dedicado à Nancy, the original canadian-japa-franco-brasileña ;)

Se você quer as respostas certas, pare de fazer as perguntas erradas (por Hpcharles)



  
I sell the things you need to be
I'm the smiling face on your T.V.
Oh, I'm the cult of personality 
I exploit you still you love me?
I told you one and one makes three
Oh, I'm the cult of personality
“Cult of personality” (Living Colour)
      “Todo o mal do mundo vem de nos importarmos uns com os outros, 
Quer para fazer bem, quer para fazer mal.”
Fernando Pessoa (Alberto Caeiro)
 
Semana que passou a Tati deixou um post em seu Facebook convidando às pessoas para que deixassem perguntas que seriam, oportunamente, respondidas em vídeo. Ela não me disse, mas a conhecendo como conheço, sei que tal proposta tem, como finalidade precípua, oferecer um pouco mais de atenção e contato com os assinantes do canal, vez que o tempo anda exíguo para atender a comentários e afins. Até aí, tudo bem. Louvável.
Mas não foi com tanta surpresa que percebi uma grande parcela de perguntas de cunho pessoal, quiçá intrusivas e o pior, largadas com absoluto tom de normalidade. Perguntas que só deveriam ser feitas a amigos antigos, a familiares próximos, ou proferidas por fiscais do Imposto de Renda.
Não penso que essa falta de “Simancol” seja responsabilidade única de quem faz as perguntas. Existe um contexto cada vez mais abrangente de ode ao improfícuo e ao desnecessário em nossas relações sociais. E essa “culpa” precisa ser repartida.
Não são raras as vezes em que atores, músicos, celebridades ou pseudo celebridades, dão azo à intromissão em suas vidas particulares. Incentivam o contato impertinente, as sugestões descabidas, as propostas deletérias. Por interesse e conveniência. Menos raros ainda, são os momentos, em que cansados da intromissão que outrora cultivaram, se tornam arredios ou se vitimizam justamente pelo "excesso de exposição".
Eu compreendo que estamos carentes de exemplos, de modelos. Nossos políticos são os piores, nossos jogadores – antigo orgulho nacional oriundo de conquistas que pretensamente nos redimiriam de nossas fraquezas – são, via de regra, analfabetos funcionais. Nossa música ganha cada vez mais repercussão pelas rimas fáceis, escatológicas, pela qualidade duvidosa. Nossos educadores, cientistas, pesquisadores, mal são lembrados.
Os programas de auditório calcificam apedeutas nas telas, glorificam asininos bombados, espalham que leitura e erudição é absolutamente secundária em um universo que santifica o dinheiro e a fama, ao arrepio do conhecimento e do estudo.
Não me entendam mal, cada um é livre para gostar do que quiser, desde que não encha o saco do outro. Podem ouvir “Lepo Lepo” o dia inteiro. Sério. O dia inteiro. Os ouvidos não são os meus. Mas o que quero discutir e trazer à balha é: não seria mais produtivo se analisar o porquê do sucesso de tais excrescências antes de exaltá-las? Não é melhor isso à anestesia ou hipnose sonora? Pensar acerca do fenômeno da fama vulgar e suas consequências em si. De seu real valor, se é que existe algum. Se existe, de fato, talento por trás da propaganda?
Não seria mais interessante, para todos, quando houvesse uma oportunidade, perguntar sobre a obra da pessoa a quem se admira - seja ela quem for – do que se perquerir qual foi o café da manhã por ela degustado? Ou onde o "ídolo" vive, ou quando acorda, ou se prefere Claro a Tim? A crase sanguínea do ponto que agora levanto é: QUE PORRA INTERESSA ISSO?! O QUE IMPORTA A VIDA DA PESSOA EM SI?! POR QUE QUERER SABER SOBRE O QUE NÃO TEM NENHUMA RELEVÂNCIA FORA DA MEDIOCRIDADE DO COTIDIANO?!
A rotina de vida da pessoa, suas abluções diárias, só interessam a ela e com quem ela escolhe para dividir sua intimidade. Tenha juízo, tenha noção, seja crescidinho. Não ajude a fomentar uma geraçãozinha de "stalkers", que acredita que é seu direito saber tudo sobre seu objeto de afeto. Que parvos que são, já se julgam "miguxos" desde sempre. Que já podem sentar na janela, só porque curtem. Vamos amadurecer, por obséquio?

“Ah, mas fulaninho é pessoa pública”. Sim, se esse fulaninho deu margem a esse tipo de inserção em seu cotidiano, ele que se foda. De verde e amarelo. Mas será que são todos iguais? Sério? Sejamos justos.
Acho natural que se pergunte a um burrico qualquer, desses paridos às dúzias por realities shows e vendidos a preço de ouro por tvs coalhadas de LIXO, quantas abdominais ele faz por dia. Que se questione o quanto de silicone foi posto para encher os seios de mulheres vazias que “abundam” em revistas publicadas para gente com Q.I. de dois dígitos. Afinal, o que mais se poderia indagar? O quê sairia dali? Não se vai esperar que esse pessoal seja capaz de dividir o átomo, não é mesmo? Mas realmente, está todo mundo na mesma cesta? Ou apenas é interessante que se ponha todo mundo na mesma cesta? Interessante para quem? Quem está enchendo o reto de dinheiro enquanto se induz a população a fazer as perguntas erradas? Na dúvida, nivela por baixo. 
E aliás, quem curte o que é fácil, tem mais é que pastar mesmo, me desculpe. Já perdi as esperanças faz tempo. Quer consumir bosta e ainda rir com com os dentes sujos, “suit yourself”. Aos coprófagos, minhas sinceras estimas de "bon voyage". Mas por outro lado, se você pertence ao lado bom da força e fecha com o certo, vamos botar a cuca para funcionar. Vamos ampliar nossa curiosidade, nossa fome POR IDEIAS!
O meme já urra, pertinente: “pare de fazer pessoas estúpidas famosas”! E eu completo, “e pare de cuidar da vida dos outros”. Sim, é valioso se preocupar com o bem estar do próximo, o que é diferente. Mas se for o caso. Ou você acha que se “preocupar” com o outro é diminuir a velocidade quando você vê um acidente na estrada? Isso não é preocupação, é morbidez. Preocupação é parar para retirar o ferido das ferragens.
Gente, foda-se a Marquezine. Sério. Foda-se a Marquezine! E que junto com ela vá o Neymar, o Bieber, a Selena, a Anitta, o gol em impedimento repetido 47 vezes, a Carolina Dieckman, o vencedor do BBB (ainda existe essa porra, né?) e o Sertanejo Universitário. F-O-D-A-S-E! Foda-se o castelo e a banheira de Caras e o Paulo Coelho dentro dela. Quando mencionarem essa galera, finja que não ouviu e salve uma criança na África. Você não é gado e o que eles te oferecem é pasto. Simples assim.
Quero saber da obra. Do trabalho. Das ideias. São boas? Relevantes? Por quê são? Sim, por quê o são? Por quê vendem ou por quê são boas? E não me venha com relativismo. Existem coisas ruins e coisas boas independentemente da minha ou da sua opinião. Paremos com a hipocrisia que justifica o conforto. Ou alguém aí acha que o nazismo foi bom? Tá, faz o seguinte, deixa o Serenata de Amor e come o Caribe da próxima vez.
Essa volta toda, meus caros amigos, foi só para deixar claro que, por vezes, perdemos genuínas oportunidades de amealhar cultura, conhecimento, ao abdicarmos das perguntas ou questionamentos produtivos em detrimento da pobreza intelectual e da “palhaçadinha” infantilóide da fofoquinha viciada de fundo quintal. Fofoca não é "informação". Fofoca é lixo. Te dizem que é importante, mas não é.
Admiro inúmeras pessoas. A abissal maioria delas já morreu faz muito tempo. Mas imagino que se houvesse a incrível oportunidade de perguntar a algum desses incríveis seres humanos como eles chegaram a certas conclusões a respeito de determinados assuntos, como foi o processo criativo empregado, quais foram as influências que os levaram a serem o que foram, não enterraria esse momento querendo saber se preferem ovo frito ou cozido. Pegaram a maldade? Então…é isso, caramba!
Por mais que nossa curiosidade, resultado de admiração (em alguns casos é patologia mesmo, não se engane), seja compreensível, é possível e importante domá-la por um bem maior. E tal bem reside na direção ao conhecimento, na verdadeira ajuda para sua vida que uma pessoa a quem você curte, pode compartilhar pelo que construiu com talento e inteligência.
Sendo assim, quando for o caso, se a oportunidade surgir, faça cinco, dez, vinte perguntas. Mas TODAS elas sobre as ideias que tais pessoas que você admira, tiveram. Sobre a fagulha criativa, sobre a benção intelectual, sobre suas motivações no caminho do saber, sobre o norte no amealho da sapiência. Esqueça o infrutífero, o supérfluo, deixe de ser bobo. Se for para não caminhar para frente, é melhor chupar um picolé, comer um brigadeiro, olhar para o céu despretensiosamente a fim de tentar prever a chuva que talvez venha. Tudo isso vale mais do que saber qual é a marca do carro novo do garoto propaganda da vez.
Ei, senhor Umberto Eco...tinteiro ou esferográfica? Grato.




Perguntas que, se deixar, eu passo a vida respondendo:

1) Como você lê tão rápido?
2) O que são esses papeizinhos colorido que você cola nos livros?
3) Qual a sua edição d'Os Miseráveis?
4) Vai ler Divergente?
5) Quando sai o vídeo sobre Percy Jackson?


1 e 2) a resposta para as perguntas de número 1 e 2 estão neste vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=67xT2EA5STk

3) Tenho duas, ambas da Cosac Naify - a de capa preta e roxa é de 2011 e
a que eu tenho em dois volumes é de 2002

4) Acho que não, hein...

5) Em geral, não respondo perguntas que comecem com "Quando...?"
(o motivo está explicado neste vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=yQmJ8gNQtIk)
Prefiro responder com o bom e velho "Quando estiar." Só os fortes entenderão.
Mas, a resposta a essa pergunta é: assim que eu terminar de ler o quinto volume, ok? Estou no quarto volume, falta pouco, falta pouco.....

Amor e Cheesecake (por Hpcharles)


 
Acredito que ninguém, com o mínimo de esclarecimento, duvide que nosso entendimento e filosofia a respeito do amor romântico tenha sido moldado, desde a infância, pelas histórias de príncipes e princesas, pelas comédias românticas e pela propaganda.
Nessas esparrelas, quase que invariavelmente, a mulher é frágil, dependente e NECESSITA para ser feliz, de um homem que a resgate. A resgate de sua própria vida, já que ela é apresentada sempre como incompleta, entediante ou até insignificante. O pé da princesa deve caber no sapatinho para que ela seja escolhida. O que acordaria a virtude feminina em toda a sua plenitude, é o beijo masculino, que caso não seja concretizado, consignará sono eterno.
Se alguém acha que isso é estorinha antiga, é porque vive em Marte e não ouviu falar de “Crepúsculo”. Sim, Crepúsculo. O sucesso estrondoso de um livro abaixo do medíocre e que foi seguido de uma franquia de filmes piores ainda, demonstra que essa mesma mentalidade, formada bem lá atrás, foi perpetuada geração após geração.
Nessa excrescência juvenil, a protagonista é acometida de um amor tão doentio, que não encontra sentido em sua vida sem ser ao lado de um vampirão afeminado que brilha ao sol. Ela não come, não dorme e, quando dorme, tem pesadelos. Se afasta de todos por meses. De sua família, amigos e escola. Abdica de sua vida e projetos. Pensa em suicídio com frequência, acredita que não há mais sentido em prosseguir. É feita de gato e sapato e, ainda assim, permanece subserviente, aguardando o retorno de seu “salvador”. E tudo isso é apresentado no livro e no filme como algo a ser louvado. A ser exaltado. Fico imaginando quantas meninas sonharam em ser a Bella. Que mensagem, não? O quão pérfido, o quão estúpido é isso? O quão isso se parece com DOENÇA? Daquelas tratadas à base de tarja preta e oração forte.
Não obstante, a tola ficção vendeu como água no deserto. Arrastou multidões de adolescentes aos cinemas. Seus atores principais viraram estrelas de primeiro escalão em Hollywood. Tudo em atendimento ao amor psicótico. Que também precisa, como se não bastasse já ser ruim o bastante, ser perto do impossível. Quanto mais difícil melhor, né?
Essa é outra estultice que foi igualmente difundida. O amor, se for calmo, remansoso, tranquilo, simples, deve ser descartado. Mais uma herança da nossa cultura judaica-cristã? Aquela mesma que transformou o prazer em pecado e, sobretudo, o sofrimento em virtude? É bem provável que exista o dedo dela aí.
Reparem como nessas estorinhas e nas comédias românticas, o casal, antes de concretizar o seu “destino”, precisa se foder de verde e amarelo. É ou não é? Se não sofrer, não apanhar da vida, não ultrapassar a tudo e a todos, não vale porra nenhuma. O cara não pode conhecer a menina, tomar um café, conversar sobre a vida, ir a um cinema e dar tudo certo? Claro que não, caralho! Que merda de relação é essa onde não há sofrimento? Como se contas, doenças, engarrafamento, seu time que está uma merda, não fosse o suficiente.
Pois é, é justamente esse lixo de “patologiazinha” que é vendida e comprada sem se olhar a embalagem, todos os dias. O que prevalece é esse pensamento pequeno burguês, de que para o amor ser legalzão é preciso uma mulher submissa a ser resgatada por um homem imbecilizado e acomodado em seu, na maioria das vezes, conveniente papel de salvador. Esse é o amor que foi institucionalizado.
Pois eu lhes digo, senhores e senhoras, e desculpem o meu francês: o caralho que isso é amor! Amor não é isso. Pode ser no comercial da Doriana. Mas não no mundo real. E não é porque o amor não se consigna no que você sente, mas sim no que você faz para quem você diz que sente. Qualquer um diz que ama. O mais estúpido dos homens é capaz de dizer que ama alguém. Isso é com ele, importa só a ele. O que importa ao outro, é a atitude em direção ao que afirma.
Sua atitude de soma, de compreensão, de parceria. Sua clarividência de que o amor fora das telas não impõe cavalos brancos, viagens transatlânticas ou pérolas negras. O amor verdadeiro é mundano e palpável, mas sem ser rasteiro ou pedestre.
Pessoa dizia que “não há mais metafísica no mundo senão chocolates” e digo que toda a metafísica também não alcança o sentimento ultra genuíno oriundo de se correr até farmácia a fim de buscar, para quem se ama, o absorvente inesperado em uma noite qualquer, de um dia qualquer.
Amar não é se sobressair, não é flertar com o impossível, não é despertar o outro com um ósculo enfeitiçado. Amar é o contrário disso. Amar é abdicar sem se submeter. É conhecer o pior do outro e saber que foi, também isso, que o fez amar. Amar não é comer junto o faisão pantagruélico, é dar a última mordida da cheesecake de fim de samana, para o parceiro. Quanta metafísica existe aí, meus caros amigos? Me digam.
Amar não é construir um pedestal para o seu amor, mas estar perto para evitar a queda, caso ela venha a cair dele. E temos a responsabilidade de fazer isso porque já o pusemos lá em cima faz tempo, mesmo que ele nunca tenha pedido. E porque dizemos que amamos, mas isso não fará diferença se não agirmos como se houvesse verdade no que fora prolatado.
Eu fico cada vez mais pasmo com o que fazem com o amor nos dias de hoje. O vulgarizam, o tomam por paixões cotidianas, cospem-lhe nas fuças, pisam em cima...e depois culpam a ele e ao outro. O "amado". A maldita "culpa" nunca é nossa. Quando não deu certo, dizem que é supervalorizado. Que não é tudo isso. E o das revistas e cinemas não é mesmo. Mas ele nunca teve a pretensão de sair das telas. Você é quem acreditou nisso. Porque sempre te disseram que o amor, para valer a pena, tinha que ser de um certo jeito. Que tinha que vir em uma latinha. Pior ainda, quem sabe você até já o teve mas não percebeu. Por o considerar muito comum, trivial, “sem glamour”. Por não ter sabor de Mentos.
Que bobagem, o amor de verdade tem vários sabores. E aí está toda a graça. Ele se reconstrói na conversa e não no sexo. O sexo não impende amor, essa é outra mentira vagabunda acerca dele. Mais uma mentira. Para o sexo, só é preciso tesão, o que é muito diferente.
No amor, o “tesão” é decorrente de muito mais do que o que se vê. Muito mais. É uma palavra atirada. Uma mão apertada. Um telefonema sem motivo. Um olhar só seu. Onde há necessidade de sofrimento aí? É menos amor? O sofrimento é a vida quem traz e não o amor. Se o seu “amor” está te trazendo sofrimento, ele é tudo...menos amor. Você é que acha que é amor. A culpa é sua, não bote na conta do amor.
O seu amor deveria estar ali para te ajudar a atravessar a vida. Não para construir muros. E ele é fundamental porque carregar sozinho o fardo da existência é muito difícil, quiçá insuportável. É preciso dividí-lo, comungá-lo com alguém na estrada. E é isso que queremos. É o que deveríamos querer. E não sermos príncipes de princesas entorpecidas, fragilizadas, mumificadas em contos infantis. O amor, pelo menos aquele no qual acredito e reverencio, não avaliza e muito menos aprecia, a menina aprisionada em um corpo de mulher. 
Amar é olhar para quem está ao lado e desejar se tornar uma pessoa melhor. É empurrar o parceiro ladeira acima, é entender que o tombo, se acontecer, machucará os dois e aprender que o remédio precisará curar a ambos. Amar é um exercício de desprendimento do narcisismo que nos engessa, nos afastando do verdadeiro mérito que poderíamos ter em nossas conquistas, se descobríssemos que também somos o resultado do que as pessoas a quem amamos fizeram de nós. Amar é, sobretudo, deixar o outro livre para que seja cada vez mais dele, sabendo, que só assim, também será cada vez mais seu.

<< >>