Darei dois a ele, tirarei dois de ti
Capítulo I
O SUV devorava o asfalto molhado
na pista central da Avenida das Américas em direção ao Recreio dos
Bandeirantes. Já passava das 23:00hs quando finalmente o assunto veio à tona
por iniciativa de Adriano, ao presenciar os primeiros soluços do choro contido
de Marília, sua colega de trabalho e brilhante advogada civilista.
- - Marília, a gente nunca sabe. A medicina está
muito desenvolvida, as coisas mudam em pouquíssimo tempo.
- - Menos de um mês, Adriano. Esse é o tempo de vida
que deram a meu marido. Menos de um mês. – retrucou Marília sorumbática.
A jovem advogada conhecera Jorge
nos primeiros anos de faculdade e, desde então, nunca se separaram. O casamento
foi uma consequência inevitável de tal paixão. Os planos, a casa de praia,
filhos, tudo foi abruptamente decapitado pelo surgimento de um raro tipo de
câncer que rapidamente se alastrou pelos órgãos vitais de seu amado. Segundo a
melhor medicina, não havia mais nada a ser feito além de se entregar dignidade
e anestésicos.
- - Adriano, nem as contas consigo mais suprir. As
prestações do apartamento se acumulam, todo nosso dinheiro foi destinado ao
tratamento. Deveria estar ao lado de meu marido nesses últimos dias e me vejo
obrigada a colocar uma enfermeira durante o dia, para cumprir o mutirão. Está
difícil, muito difícil.
- - Olha, se for dinheiro o problema para se tentar
uma alternativa, eu lhe empresto. Melhor, lhe dou! Aprendi a te admirar como
profissional, mas acima de tudo você e Jorge são amigos queridos. Gostaria de
ajudar.
- - Eu agradeço. Mesmo. Mas o que você realmente
pode fazer por mim é segurar as pontas lá no escritório. Me conseguir mais
tempo com o Jorge.
-
- Claro, Marília...o que for preciso.
O carro para em frente ao prédio da advogada que parece não ter forças para abrir a porta e descer. Adriano, que até então tentava não expor seus sentimentos totalmente, a fim de não agravar a delicada situação, já deixava algumas lágrimas escorrerem, sorrateiras.
O carro para em frente ao prédio da advogada que parece não ter forças para abrir a porta e descer. Adriano, que até então tentava não expor seus sentimentos totalmente, a fim de não agravar a delicada situação, já deixava algumas lágrimas escorrerem, sorrateiras.
Marília
então salta do veículo, contorna o carro e vagarosamente sobe as escadas da
portaria para alcançar o hall dos elevadores. O jovem jurista não consegue ir embora.
Assiste às passadas cambaleantes de sua amiga, descrente de que ela sequer
fosse capaz de chegar a seu andar.
A porta do
elevador já ia se fechando quando a mão de um Adriano esbaforido interrompe o
mecanismo:
- - Marília, seja objetiva...você tem fé?!
- - Quê isso Adriano, o que aconteceu?! Você está
maluco?!
- - Apenas responda, você tem fé? E mais, confia em
mim?
- - Bom nunca fui uma pessoa religiosa ou de
fé, na acepção da palavra.
- - É que talvez haja uma saída para o Jorge.
- - Como assim?! Você está me deixando mais
nervosa ainda, se é que isso é possível. Do que você está falando, droga?!?!?!?
- - Tome este endereço e esteja amanhã às 20:00hs
neste lugar. Não se atrase nem um minuto. Confie em mim! – disse o advogado
sênior, entregando um pedaço de papel nas mãos da aflita mulher, para logo
depois bruscamente soltar a porta do elevador, que seguiu seu impassível curso
vertical.
O apartamento possuía a densidade
de um mausoléu. É como se a morte vivesse ali também. Marília cuidadosamente
tira seu sapatos e chama pela enfermeira a fim de dispensá-la de sua trágica
missão. Lhe paga a diária, a leva até a porta e se despede com carinho, como se
reconhecesse o valor de seu trabalho.
Finalmente entra em seu quarto com todo o cuidado, a fim de não despertar Jorge. Imaginou que pelo menos em seus sonhos, o marido ainda se visse gozando de saúde e vitalidade. A mesma que até pouco tempo atrás, possuía em abundância.
Finalmente entra em seu quarto com todo o cuidado, a fim de não despertar Jorge. Imaginou que pelo menos em seus sonhos, o marido ainda se visse gozando de saúde e vitalidade. A mesma que até pouco tempo atrás, possuía em abundância.
Tomou um rápido banho, comeu algo
mesmo sem fome alguma e se deitou, tentando se refugiar em seu cansaço. Por
alguns instantes se lembrou da pergunta enigmática de Adriano no elevador.
Finalmente, vencida pelo sono, se juntou saudável a seu marido, em sua inconsciência
abençoada por Morfeu.
Capítulo II
Era sábado e o mutirão só duraria
até o meio-dia. As duas horas que faltavam para o encerramento do expediente
não preocupavam a advogada. O que a angustiava era o que a aguardaria às
20:00hs. Adriano não se dirigira a ela naquela manhã, e também não pudera. O coitado se encontrava assoberbado e, com certeza, tinha lá suas cruzes para carregar.
Ao meio dia em ponto, Marília já
corria para casa na expectativa efêmera de encontrar Jorge mais disposto, sem
dores ou depressivo. Isso seria tão maravilhoso quanto improvável, mas a
esperança sempre foi uma faca de dois gumes na história da humanidade.
- Jorge, amor!
Cheguei, trouxe uns doces, aqueles de que você tanto gosta!
Como não obteve resposta, aflita,
passou a rapidamente vasculhar os aposentos. Encontrou Jorge sentado no chão do
quartinho de empregada, chorando copiosamente enquanto remexia uma caixa com
fotos antigas. Fotos onde aparecia surfando, bronzeado, risonho e imortal.
Algumas gotas de sangue manchavam seu antebraço em decorrência da retirada
inapropriada da medicação intravenosa.
Marília não disse uma palavra. Se
agachou e abraçou o outrora Hércules, com a ternura possível apenas dos que
amam sem limite. O ergueu com cuidado, o levando novamente para a cama
desfeita. Desolado, o marido se vira e diz:
- - Por quê eu, Marília? Não fui boa pessoa? Tenho
apenas 28 anos. O que será de você? E as contas?
E desatinou a chorar, inconsolável...
- Tudo o que sempre quis era que você finalmente
engravidasse e que conseguíssemos um dia comprar uma casinha de praia para
fugirmos de tudo nos fins de semana. E agora me vou embora, derrotado...
- - Jorge, não pense nisso, por favor. Estou aqui e aqui sempre estarei para você. É só o que importa agora.
O coquetel de drogas torna a
fazer efeito e Jorge é quase que imediatamente catapultado à seu mundo
entorpecido. A tarde demora a passar como se o tempo também estivesse
moribundo. Marília lê um livro qualquer, sem guardar qualquer informação, pois
para ela não faz qualquer diferença.
Às 19:20 a campainha toca
estridente. É a enfermeira para rendê-la. Marília já está pronta faz tempo. Não
sabe bem porquê. Um misto de tensão e inesperada credulidade percorre sua espinha. Pega
as chaves do carro, um casaco leve, documentos e sai. Só leva isso e um fiapo
de esperança, que parece pesar dez quilos.
A distância é pequena até o
destino. Chove torrencialmente e Marília é parada na guarita do condomínio de
luxo, onde informa o número da casa que Adriano lhe passara.
- - Boa noite, senhora. - se apressa em dizer um solícito vigilante,
saltando de seu posto.
- Boa noite. Meu colega de trabalho, o Sr. Adriano, me passou esse número e me disse que seria esperada.
- Boa noite. Meu colega de trabalho, o Sr. Adriano, me passou esse número e me disse que seria esperada.
- - Pois não. Dona Marília, né? Sim, pode entrar, a
casa é da mãe do seu Adriano.
Foi a primeira surpresa da noite.
Isso só aguçou a sua curiosidade que agora atingia um nível quase insuportável.
Estacionou o carro em frente à mansão e agora procurava atabalhoada, um
guarda-chuvas nos porta-trecos do carro. Decidiu deixar pra lá e percorrer os
poucos metros pegando um pouco de chuva, apenas para ver se a água gelada na cabeça
lhe traria algum esclarecimento ou despertar.
Algumas batidas na porta de
madeira e uma gentil e gorda senhora apareceu silenciosamente. Sorrindo e com
ternura, lhe ofereceu a mão, dizendo:
- - Ora, ora, entre, menina bonita! O mundo está
acabando aí fora!
- - Com licença, disse Marília, sem jeito.
- - Você gostaria de um chá. Faltam ainda dez
minutos para às 20:00hs.
- - Não, muito obrigada. Acho que não conseguiria
beber. Estou bem nervosa. Adriano não me contou nada, além do fato de que
deveria estar aqui nesse horário e que confiasse nele.
A senhora então sorriu mais uma
vez e disse:
- - Adriano não disse mais, porque não sabe mais
para dizer. Mas ele conhece alguém que sabe.
E continuou.
- - Peço o obséquio de, antes de entrar no recinto para onde será conduzida, tirar os sapatos e, por favor, não cruzar os braços enquanto
lá dentro permanecer. Não se assuste ou se impressione. Garanto que nada de mal
irá lhe acontecer.
E então, com um gesto quase
maternal, a gentil senhora novamente tomou a mão de Marília a levando por um
longo corredor até os fundos da casa. Um pedaço de madeira cravado com uma
enorme faca se encontrava embaixo do batente, guardando espaço apenas para uma
pessoa entrar por vez.
- - Pode ir, menina bonita. Não tema e não se
esqueça dos sapatos. - disse a senhora, para logo depois adentrar em algum aposento
qualquer e desaparecer.
Marília nunca tinha ido a nenhum
lugar parecido. Não era afeta a igrejas, centros espíritas, ou qualquer coisa
similar, e o que era curiosidade e tensão rapidamente se transformou em medo.
Tirou os sapatos, se lembrou de
descruzar os braços e, mesmo de fora, notou um forte odor de alfazema
emanando do pequeno recinto que agora se preparava para descortinar.
Ao entrar notou algumas velas, um
pequeno santuário com imagens que não lhe eram íntimas, um minúsculo banco de
madeira, alguns objetos de barro, duas ou três garrafas de cachaça barata e um
cinzeiro que portava um charuto ordinário. Nada disso realmente a afetara, pois
tudo passou a ser secundário quando viu, virado de frente para o canto de uma
parede oposta, um velho, totalmente vestido de branco, agachado
caricaturalmente, parecendo se encontrar em um singular momento de oração.
Marília não conseguia distinguir
o que a figura dizia. Não conhecia aparentemente o idioma. Pensou se tratar
primeiramente de uma variação ou distorção do francês, ou algum dialeto como o
creole. A verdade é que isso pouco importava naquele momento.
Repentinamente o senhor, ainda
olhando para o chão, levanta e diz enigmaticamente à Marília:
- Sem fé “cê” não tem
nada...
Marília permanece em silêncio.
- - Teu marido também não tem fé. “Cê” vai ter o
suficiente por ele?
A pergunta a deixou em tábula
rasa, por alguns instantes.
- - Acho que tenho...
O velho se virou velozmente de
frente para ela e disse ríspido:
- - “Acho” não é o bastante.
Ao ver o rosto do “ancião”, Marília
precisou se escorar na parede do cômodo. Não conseguia respirar e não conseguia
concatenar um pensamento que fizesse sentido. A figura que se movimentava
lentamente, andava com dificuldade e apresentava um cristalino problema em sua
coluna, era o próprio ADRIANO.
Seu rosto, no entanto, estava
impressionantemente mudado. Sua boca torcida, sua pele claramente envelhecida e
seus olhos azuis, agora eram castanhos e guturalmente dilatados.
- - A-a-a-adriano? Perguntou Marília, catatônica.
- - Yaaaaahhhhaaaaaaaahhhhaaaaa!!!!!! - riu
interminavelmente a “entidade”.
Disse então em seguida:
- - Adriano não está aqui. Mas eu estou com ele há
29 anos. Desde de que ele nasceu. Isso é tudo o que “cê” precisa saber a
respeito, “filhota”.
E continuou...
- - “Cê qué” cura pro teu homem, filhota?!
- Sim, o Adriano te disse?!
- Sim, o Adriano te disse?!
- Não careceu...
- O que eu queria mesmo é alívio, porque eu sei que cura não há. Os médicos são unânimes.
- O que eu queria mesmo é alívio, porque eu sei que cura não há. Os médicos são unânimes.
- - Yaaaaaaaaaaahahhahahahahaha!!!!!
O velho então pegou a garrafa de
cachaça, bebeu metade dela de um só gole. Catou o charuto com a outra mão e deu
três longas baforadas, para só então dizer:
- - E “voismicê” acha que eles sabem tudo, né?
Nesse momento, Marília tentava
racionalizar como uma pessoa que nunca bebeu uma gota de álcool e que chegou a
quase a se demitir no trabalho pela política de liberar o fumo adotada pela
firma, conseguiu beber quase um litro de pinga vagabunda de uma tacada apenas,
fumar um fedorento charuto de padaria quase inteiro, e se manter incólume.
- - Filhota não tem fé. Tem fé apenas nos homens.
Mas parece que os homens não podem salvar o homem da doutora. Mas se te disser
que o velho “Veludo” aqui, pode?
A entidade dividia naquele
momento, momentos de risos e seriedade, o que tornava tudo apavorante para
Marília.
- - Veludo não estudou em escola chique. Mas veludo
sabe que tem coisa que não se ensina lá...
- - E o senhor pode de fato curar meu marido?
- - Curar? Posso mais. Posso fazer o filhote voltar
a ser exatamente o que era. Te interessa isso? É suficiente, filhota?
Talvez pela porcaria da
esperança, talvez por desespero, talvez por não haver outra saída, Marília
passou a acreditar naquela figura singular. Não sabia explicar. Via seu antigo
amigo Adriano naquele corpo torto, naquele idoso coxo, naquelas roupas largas.
Era Adriano, mas não era. Era uma entidade sombria, mas também era o bonito e
jovem advogado que na noite anterior lhe dera uma carona, ouvira suas lamúrias,
vestindo seu terno de grife. Não conhecia “Seu Veludo”, mas a Adriano ela
confiaria tanto sua vida quanto a de seu marido.
- - Sim, é. Respondeu decidida.
- - Filhota tem mesmo fé “pra” dois? Não tô
tratando com o “filhote”.
- - Tenho, sim senhor...
- - Então eu vou curar teu marido. Mas tem um preço.
- - Não me importa o preço, eu pago. Eu vendo o
apartamento, o carro, peço dinheiro emprestado.
- - Voismicê quer que eu bote “cê” pra fora
agora?!?!?!?! – vociferou Veludo com uma agressividade tão grande e com uma voz tão peculiar, que convenceu
Marília definitivamente que apenas aquele corpo era de seu amigo.
O Exu dispara
então:
- - E o que faria com dinheiro em meu mundo? Essa
cachaça barata me basta. Bastaria para vosmicês, aqui da terra? Filhote e
filhota tem tudo mas não tem saúde. Nem tudo é dinheiro. Seus doutores ainda
não aprenderam isso?
- Desculpe, seu Veludo. Estou desesperada, não sei o que pensar, não sei como agir.
- Desculpe, seu Veludo. Estou desesperada, não sei o que pensar, não sei como agir.
- - Filhota diz que tem fé pra dois. Tem amor pra
dois também? Você paga por dois?
- - Seu Veludo, abdicaria de tudo pela saúde de meu
marido. Tenha certeza disso. De tudo.
- Então está feito. Seu marido vai ficar de pé e quando se for um dia, não terá a mão de Veludo no “causo”. Veludo não tira a vida que salva. Mas “cê” vai ficar com uma conta para pagar. E ela vai ser cobrada um dia, filhota. Só de ti.
- Então está feito. Seu marido vai ficar de pé e quando se for um dia, não terá a mão de Veludo no “causo”. Veludo não tira a vida que salva. Mas “cê” vai ficar com uma conta para pagar. E ela vai ser cobrada um dia, filhota. Só de ti.
Dito isso, o Exu tomou novamente uma garrafa de cachaça em
uma das mãos e desta vez deu um gole curto. Escolheu uma pequenina moringa de
barro que estava em um dos cantos do quarto, e cuspiu a bebida lá dentro.
Acendeu um novo charuto, o tragou ferozmente e disse algumas palavras
ininteligíveis. Suspendeu a tampa da moringa, soprou a fumaça em seu interior e
agilmente, em um só movimento, a cobriu novamente, para por fim emanar uma
risada sobrenatural.
- - Dê isso a teu homem hoje mesmo. Se for preciso o
acorde.
- - Mas é só isso?
O Exu sorriu de soslaio e disse
com desdém:
- - Se Veludo colocar um rótulo e te der uma bula, você
vai achar que vai funcionar melhor? Filhote está tomando vários assim mas você
está aqui, não?
- Com as mãos trêmulas Marília fez
menção de pegar o pequeno recipiente das mãos de Veludo, mas justo quando ia fazê-lo
o Exu se antecipou e, com um golpe certeiro, segurou firmemente no pulso da
advogada. Então, olhando vitreamente em seu olhos, disse:
- - “Darei dois a ele e tirarei dois de ti!”
Após isso, soltou o pulso de
Marília e entregou serenamente o frasco, fazendo uma última recomendação:
- - Filhota não vai mais me encontrar até o momento do pagamento. Saia do meu
quarto de costas e vai em paz.
A entidade se voltou então para a mesma parede onde se
encontrava no início, se posicionando de cócoras para uma nova saraivada de
orações. Marília se retirou conforme lhe fora pedido, munida do pequeno frasco. Lívida. Muda.
Passou alguns minutos no corredor adjacente ao quarto
esperando pela mãe de Adriano, mas ao perceber que ninguém viria, retornou pelo
mesmo caminho por onde entrou, ganhando o jardim externo e em seguida a calçada
onde havia estacionado seu carro.
No curto trajeto de volta para a casa, Marília tentava
infrutiferamente avaliar em sua cabeça acostumada ao raciocínio prático
treinado pelo ofício, a experiência que viveu. Tudo parecia um devaneio. As
feições e maneirismos distorcidos no corpo de Adriano, o ambiente mágico e “sui generes” que vivenciou, a dicotomia
entre o que acreditava e o que precisava, a partir de agora, acreditar.
Marília inseriu a chave na fechadura e com ansiedade
adentrou no confortável apartamento. Sem muito pensar ou sem efetuar as suas
comezinhas abluções noturnas, foi direto ao quarto onde se encontrava Jorge, que
jazia absolutamente inerte. Segurando a cabeça do marido e lhe tapando o nariz, deu um
jeito de fazê-lo tomar o conteúdo do potinho entregue por Veludo. Foi a
primeira vez, em muito tempo, em que se permitiu não agir com paciência ou
delicadeza. Queria que a noite terminasse. E mais do que isso...que outro dia
começasse.
Capítulo III
Ao acordar, ainda de olhos
fechados e com um movimento natural, Marília buscou as costas do Marido, em um
ato que traduzia quase um década de intimidade e afeto. Para sua surpresa não o
encontrou. Isso não acontecia desde que Jorge fora diagnosticado. Marília pensou no pior e
olimpicamente saltou da cama já chamando por Jorge.
- - Jorge, Jorge! Meu amor, onde está você?!
Para sua surpresa, o marido se
encontrava fazendo café da manhã e absolutamente disposto. Havia tônus em sua
pele, um que Marília pensava que não mais iria ver.
- - Eita, meu bem! Calma, só estou fazendo uns ovos.
Ainda não morri. – disse sorrindo.
- É que...
- É que...
- É que o quê, Marília? Me sinto magnífico. Eu sei
que é estranho, mas fazer o quê? Não sinto dores ou enjôos. Nem me lembro
quando foi a última vez em que tive fome assim.
Marília gelou. Sim, ela queria
acreditar, mas daí a acontecer é outra história. Precisava se convencer.
Precisava ter certeza de que algo mudara. De que suas esperanças e experiências
da noite anterior não foram em vão. De que havia algo a mais do que uma
coincidência em um dia bom, no meio de tantos ruins.
- - Amor, se eu te pedir uma coisa você faz?
- Bom Marília, acho que o tanto que você tem passado, não posso lhe negar nada.
- Bom Marília, acho que o tanto que você tem passado, não posso lhe negar nada.
- Eu sei que para você deve ser um sofrimento
enorme, mas você se incomodaria em ir ao hospital para fazer um exame
simples e conversar um pouco com o Dr. Felipe? Sei que ele está de plantão
hoje.
- Mas amor, não seria melhor passarmos esse dia
juntos e bem? Não teremos tantos outros assim, e essa é a realidade. Dr. Felipe
já disse tudo o que tinha para dizer e, cá para nós, deve ter sido horrível
para ele. Cuida de minha família há mais de 40 anos. Dê um pouco de paz ao
homem, vá?
- Por favor, Jorge. Preciso disso. Eu vou ligar e
avisá-lo de que estamos indo.
- Ok então, Marília. Se você quer estender o sofrimento,
seja feita a vossa vontade. Me deixe pelo menos terminar o café, estou faminto.
O médico já aguardava o casal na entrada do hospital com
uma cadeira de rodas separada para Jorge. Apesar da fidalguia habitual, lhe
fora impossível esconder a surpresa ao perceber Jorge chegar tão disposto ao
hospital, andando normalmente e sem sequelas oriundas de uma moléstia letal.
- - Vejo que está animado, hein Jorge? Que beleza!
- Pois é, acho que foi o café. Faz tempo que não tenho tanta fome e que me alimento normalmente, sem sentir nada.
- Pois é, acho que foi o café. Faz tempo que não tenho tanta fome e que me alimento normalmente, sem sentir nada.
- Sei...vamos entrar, por favor. Vamos ver como
você está
O casal fora então levado a um
consultório onde Jorge começou ser examinado de forma padrão, em um mero
procedimento clínico. Após dez minutos de apalpações, medições e perguntas
rotineiras, Felipe faz um pedido estranho:
- - Jorge, você se incomodaria de me deixar alguns
minutos a só com a sua esposa? Talvez precise mudar a medicação e gostaria que
você, enquanto isso, fosse entregando sua documentação na recepção. Vou
interná-lo para exames. Mal não fará.
- Mas o que houve, Dr. Felipe? Diga, eu sei que vou morrer, estou em paz com isso. Os procedimentos legais possíveis de serem tomados, já os foram.
- Mas o que houve, Dr. Felipe? Diga, eu sei que vou morrer, estou em paz com isso. Os procedimentos legais possíveis de serem tomados, já os foram.
- Jorge, confie em mim. Preciso de novos exames.
Jamais pediria se não julgasse que fossem absolutamente necessários.
- - Claro, sem problemas. E a bem da verdade, o que
é um peido para quem já está cagado, não é mesmo? – e riu sozinho, meio sem graça.
A piadinha
escatológica mais surpreendeu pelo súbito humor de um canceroso terminal do
que a lógica contida em suas premissas. Assim que Jorge se retirou da sala, Dr.
Felipe se virou para Marília e disse:
- - Não sei como explicar, Marília. Mas os exames de
toque e consistência, bem como todas as medições que fiz estão normais.
- - Como assim, Dr. Felipe?
- - Ué, é como se tivesse examinado uma pessoa
saudável na casa dos 30 anos.
- - Mas você pode estar enganado, é claro?
- - É evidente que sim. Mas é justamente por isso ele
vai ficar internado e repetir todos os exames que eu julgar necessário. Lhe
peço desculpas, mas não tenho muito a acrescentar além disso. Não
quero lhe dar falsas expectativas, mas com certeza o quadro indica uma mudança
positiva.
Os dois deixaram o consultório e Marília foi até o marido para
lhe dar uma breve explicação sobre os procedimentos que seriam adotados. Apesar
da contrariedade, Jorge não queria negar à coitada da esposa, mais uma dose de
esperança. Ficaram então de se encontrar no dia seguinte, quando teriam
informações mais precisas sobre o que estaria acontecendo.
Marília saiu do Centro antes das 17:00hs, a fim de tentar
evitar o trânsito no Aterro do Flamengo e Copacabana. Queria chegar logo ao
hospital, queria que tudo fosse verdade, queria ter a certeza de que não estava
vivendo um sonho.
Após alguns minutos de espera, uma atendente lhe encaminhou
a uma sala de conferência onde se encontravam além do Dr. Felipe, mais uma
equipe de pelo menos meia dúzia de médicos, de diferentes especialidades. Marília
se sentou, curiosa.
- - Marília, repetimos todos os exames de seu
marido.
- - Sim, e?
- - Bom, não sabemos como explicar. Essa sala reúne
os melhores médicos que conheço no estado e todos eles possuem décadas de
experiência...
- - Dr. Felipe, por favor! Você pode me dizer o que
está acontecendo?
- - É que...
- - É que, o quê?!
- - É que seu marido não está doente.
- - Como assim? Ele melhorou? Vai ficar bom?
- - Não, Marília. Ele não pode ficar bom de algo que
não possui. O que quero dizer é que não há sinais do câncer. E mais, não há
sinais de que ele jamais o tenha tido.
- - Esperem, vocês estão me dizendo que meu marido
está são e não precisará mais de nenhum cuidado?
- Marília,
é evidente que vamos fazer o acompanhamento padrão, mas a única alteração que
encontramos em seus exames é claramente proveniente das drogas que “nós”
receitamos. Da medicação prescrita em si. Seu marido está forte como um cavalo.
Teoricamente poderia conceder um atestado para exercícios físicos em uma
academia.
- - Não é preciso dizer mais nada. O fato é que
vocês não possuem uma explicação lógica para o caso. Simples assim.
- - Gostaria de deixar claro, de pronto, que se você
se sentir compelida a acionar judicialmente o hospital, nós entenderemos.
Fazemos entretanto a ressalva de que é preciso que você tenha em mente de que
isso é tão estranho para nós quanto para você.
- - Não haverá processo, Felipe. Fique seguro disso.
Só quero seguir a minha vida. Tenho certeza de que Jorge também.
Capítulo IV
- - Vamos Marília, caramba! Assim vamos chegar após
às duas em Búzios!
- - Calma Jorge, você acha que é fácil andar com
esse peso extra na barriga? Ter que conviver com enjoos diários?
- - Quanto aos enjoos você sabe que sim, meu amor.
- - Eita Jorge, dois anos já se passaram, deixa isso
para trás. Você não tem nem unha encravada desde lá.
- - É verdade, você tem razão. Mas peso extra eu
levo faz mais de dez anos, porque você é uma mala!
- - Seu bobão!!!!! Gravidez é assim mesmo, tem que
aguentar!
O dia estava lindo e após um par
de anos pródigos, o casal conseguira realizar seus maiores desejos. Uma casa de
praia e um dia finalmente Marília engravidara. Não havia resquício de doenças
ou dos incríveis acontecimentos que se sucederam em um enigmático e chuvoso
sábado à noite, dois anos atrás.
Marília nunca contou nada a
ninguém e logo após a “cura” de Jorge, ela foi convidada para trabalhar em um
escritório na Barra da Tijuca, perdendo quase todo o contato com Adriano. Em
todas as vezes em que, brevemente se falaram, o assunto nunca veio à tona. A
vida parecia valer mais do que antes. Marília hoje era uma pessoa de fé. Mesmo
não sabendo bem o que significava aquilo ou para onde direcionar sua fé.
A estrada estava agradável, o
rádio tocava uma antiga música dos anos 80 e Jorge fingia dublar o cantor,
causando risos em Marília, que por sua vez, fazia uma pequena lista mental do
que precisava comprar para a casa e para os convidados que passariam o fim de
semana no balneário.
De súbito o carro perde a
direção, atravessa a pista e bate de frente com uma caminhonete no sentido oposto.
Tudo fica turvo. E depois preto. Como breu.
Tudo fica turvo. E depois preto. Como breu.
..........................................................................
- - Marília...Marília....você consegue me ouvir? Por
favor, com calma...siga o meu dedo com os olhos.
- - Errr...Dr. Felipe?
- - Sim, Marília...sou eu.
- - O que houve, onde está o Jorge?! Meu deus, onde
está o Jorge? O que aconteceu?
- - Calma Marília, você ficou em coma por mais de
uma semana. Teve um edema enorme na cabeça, além de múltiplas fraturas e lesões
internas. Chegamos a temer pelo pior. Mas agora você está fisicamente estável.
- - Que se dane Felipe, onde está o Jorge, me diga
pelo amor de deus?!
-
Marília, infelizmente o Jorge faleceu.
- - Como assim, faleceu?! Ele estava do meu lado,
bem...vivo! Meu deus!!!!!! E minha gravidez, aconteceu algo?! Me diga Doutor, me
diga!
- - Marília, se você continuar nesse estado terei
que dopá-la e não quero fazer isso. Você precisa ser forte nesse momento. Não
há outra solução. A sua gravidez foi interrompida. É uma pena, mas tivemos que
fazer um procedimento emergencial de curetagem. Não havia outra solução em
virtude das suas lesões.
Aos poucos Marília foi se dando conta do que havia
acontecido e até mesmo onde se encontrava. Tinha sido transferida para o mesmo
hospital onde Jorge outrora se tratou e foi dado como curado.
- - O enterro já ocorreu, não é mesmo?
- - Sim Marília, a família não podia esperar mais e,
sinceramente, não sabíamos quando você se recuperaria.
- - Me diga Dr. Felipe, e seja honesto...o Jorge
sofreu? Se machucou muito?
- - Marília, o Jorge teve um infarto fulminante.
Percebemos claramente isso porque ele não tinha um arranhão sequer. A batida
atingiu apenas o seu lado do carro. A sua morte foi absolutamente natural, se
fosse outro e tivesse um infarto daquela intensidade, teria o mesmo destino.
Ele se foi em paz. Aguarde que vou pedir à seus pais que entrem, eles estão
ansiosos para estarem contigo.
Marília lembrou então imediatamente do antigo trato com Seu
Veludo. Lembrou também do que sempre buscou esquecer. Das palavras ditas pelo
Exu ao fim do encontro: “Darei dois a ele, tirarei dois de ti”. Atinou que dois
anos se passaram e a dívida enfim estava sendo cobrada. Ela perderá o filho,
mas faltava algo. A entidade prometera não ter nenhuma influência na morte de
Jorge e ela sobrevivera? Um pressentimento nefasto adentrou sua mente e Marília
se apressou a perguntar a Felipe, que já deixava a sala:
- - ...e o bebê...ele sofreu?
O médico pareceu surpreso com a pergunta e após uma pequena
pausa para pensar, respondeu...
- - Desculpe ter que lhe dar mais está notícia
trágica, mas pela pergunta acho que você ainda não sabia.
Eram “bêbes”. Você estava grávida de gêmeos, “filhota”. Agora descanse que seus
pais já vêm.
Uma lágrima solitária correu no
canto do olho de Marília enquanto um forte cheiro de alfazema subitamente
tomou o ar do quarto do hospital.
Hpcharles
P.S.: Texto escrito a pedido, especificamente para o "Mês do Horror"do Tiny Little Things.
P.S.2: Desculpe-nos pela diagramação e justificação do texto, mas a ferramenta do blogger não é nem um pouco amigável ao Word.
Tem algo faltando, um elemento ou atributo que tornaria este um conto quase perfeito. Não sei dizer o que é, mas mesmo assim está muuuito bom! Parabéns :))
ResponderExcluirE o senhor, por favor, trate de fazer um vídeo com a Tati, viu? Grato:))
Olá Victor, quando escrevi o conto eu tinha basicamente três coisas em mente: escrever super rápido (a Tati me pediu para encaixar no mês do Horror e não sabia pra quando seria, então pensei na trama antes de dormir, escrevi pela manhã e à tarde entreguei), ser um conto contemporâneo e fugir do binômio fantasma/demônio cristão.
ExcluirO irônico é que, como leitor, foi isso que mais me causou "estranheza" no conto em si. O fato de ser algo que poderia estar acontecendo agora, se não fosse uma ficção, lógico.
Acho que fãs do gênero como eu, se não tomarem cuidado, acabam por ficar com aquele ranço "séculodezenoveanista" de estórias de fantasmas. E aí, ou é isso ou possessão demoníaca e afins.
Quis fazer algo diferente, que incomodasse quem lê, mas que saísse do básico, se possível. Pena que a ferramenta do blog estragou a diagramação e a formatação inteira.
1abç.
Muito bom!
ResponderExcluirDedique-se mais à escrita!
Vou fazer isso. 1abç.
ExcluirMEU DEUS! QUE TEXTO SENSACIONAL! HP, VOCÊ TEM ESCREVER UM LIVRO IMEDIATAMENTE! RSRSRS
ResponderExcluirVamos ver Geyse, vamos ver, rs. Abração!
ExcluirSensacional! Obrigado Hp Charles por tornar minha noite de sono mais difícil (novamente). O seu conto me deixou tenso do começo ao fim, e quando terminei — o medo apossou-se de mim por pelo menos mais 30 minutos — dos quais eu fiquei me revirando na cama, enquanto a escuridão me espreitava, e o cheiro de alfazema me invadia as narinas (mesmo eu, — nem sei qual é o cheiro de alfazema). Resumindo: Demais. Bem que você podia publicar uns contos, hein heheh. E até agora eu não tenho certeza de algumas coisas; eu tenho duas opiniões, e em um momento acho que uma é a certa, depois acho que é a outra, porém, tanto uma quanto a outra me deixaram aterrorizado, e a culpa é sua por ter envolvido bebês na história. Tão cruel e perspicaz. heheheh... Abraços.
ResponderExcluirCara, estou acompanhando os comentários no vídeo e no blog. Até agora ninguém percebeu uma questão relevante no conto. Botei propositadamente. Tem um ovo de Páscoa na parada. Mas é preciso pensar um pouco. Sua dúvida procede, rs. 1abç.
ExcluirBom, o "Seu Veludo" disse que ela só o reencontraria no dia do "pagamento", então, visivelmente foi um pacto, e não algo "eventual". Seria isso?
ExcluirNo mais, ótimo conto!!!
Nope. A parte dela foi concretizada. O marido curado e os filhos tirados. Mas note a frase dita pela entidade. Ele não disse que dará dois a ela...e sim a ele. Agora se vira, rsssss!
Excluir1 abração.
Tem algo haver com a morte dos filhos como se eles fossem com o Jorge? Adorei o conto, bem sinistro.
ExcluirRs, errado de novo. Valeu, 1abç.
ExcluirUai, "Darei dois a ele": o marido ganhou dois anos de vida, a casa na praia e a gravidez da mulher(que eram coisas que ele queria muito), e os dois filhos. Mas, Seu Veludo diz que coisas materiais no mundo dele de nd valem (mundo que agora provavelmente deve ser o do Jorge tbm). Então, eu não achei o ovo de páscoa do conto. '-' O que o marido ganhou?
ExcluirMas quem disse que o marido ganhou 2 anos de vida? Ele ficou curado. Seu Veludo nada teve com a morte dele. Coisas materiais não valem nada para ele, Seu Veludo. Mas o Jorge não vivia no mundo espiritual. Estava vivo e possuia desejos terrenos. :)
ExcluirOlha, estou lendo este conto pela primeira vez, e devo te parabenizar pela excelente escrita. Se dedica a isso, você tem futuro! Quanto ao tal "ovo de Páscoa" que você deixou, estou morrendo de curiosidade! Tenho uma teoria: Seu Veludo deu a Jorge os dois bebês, mas os tirou de Marília, certo? Como você disse que ele não teve nenhuma interferência na morte do Jorge, foi a única coisa que consegui pensar :S Ai, agora não vou conseguir sossegar enquanto não encontrar a resposta! Kkk
ExcluirHP, vc se baseou em alguma história já conhecida por vc, real ou ficção?
ResponderExcluirFicou muito bom, parabéns pelo conto!
Existe um ditado que diz que todo texto é autobiográfico. Por outro lado, sou ateu. Dessa forma, é uma mistura do que ouvi e vi, com bastante ficção, logicamente.
ExcluirQue bom que gostou. Curti escrever tb.
1abç.
Caramba!!! Conto pra la de espetacular!!! Porra! Mandou bem pra caralho,muito bom mesmo, perdendo tempo de lançar belos livros.
ResponderExcluirPois é, tenho que cuidar disso. Apesar da insistência das pessoas, tenho sido desidioso com essa questão. Mea culpa...
ExcluirParabéns pelo conto, muito bem escrito. Senti arrepios nas costas.
ResponderExcluirOpa! Valeu, rs!
ExcluirGeeeeente! Eu moro perto desses lugares eu vc citou no texto. HAHAHAHA já fiquei tensa quando vi o vídeo da Tati, agr vim ler e foi sensacional! kkkk deu medinho hein. Parabéns HP, quero ler mais contos seus.
ResponderExcluirEita! Cuidado, hein?! KKKKKK! Abração!
ExcluirNossa sensacional! Parabéns HP. Sua escrita é bem envolvente. Eu na minha mente conseguia ver tudo como num curta metragem. Sua escrita foi simples e objetiva, você pôs os detalhes de cena na medida certa, ou seja, era o necessário para construirmos a situação na nossa mente. Invista nisso. Você tem talento e criatividade e sabe prender o leitor. Nota 1000!!! Mande um beijão pra Tati amo demais o canal dela. Parabéns aos dois!!!
ResponderExcluirIsso é influência direta do cinema, Gabriel. Já me disseram isso antes em relação a outras coisas que escrevi. Fica bem "roteiro", saca? Isso que dá ver zilhões de filmes, rs. Grande abç.
ExcluirMuito bom seu texto HP. Se vc se dedicar a escrita logo teremos bons livros para nos agradar enquanto leitores....!!!! Abraços
ResponderExcluirObrigado Luciene, grande abç.
ExcluirEu acho que ela morreu e ele continua vivo , sera?!???
ResponderExcluirDeixei para lê-lo hoje, só para aproveitar as deixas do halloween que deixa tudo mais fantástico. Um conto severamente envolvente, do início ao fim. Muito bom, HP.
ResponderExcluirFoi bom enquanto durou. Parabéns pelo projeto, Tatiana! =)
Bom, o Veludo deu a vida dos bebês pro Jorge, não? Qual a outra opção? (Amei esse conto :D)
ResponderExcluirpelo amor de deus, poste mais seus textos!!!
ResponderExcluirGostei bastante. Parabéns, HP!
ResponderExcluirEu sou muito medrosa, por isso não li o conto até hoje hahaha mas lendo esses comentários falando super bem fica meio difícil não ler né?? Talvez eu leia algum dia quando a casa estiver cheia e o sol estiver brilhando kk
ResponderExcluirPutz eu surtei com esse conto!!! Daria um bom episódio daquela série "Amazing Histories", que tanto curti na minha adolescência! Só que melhor elaborado! Além da surpresa final, com relação aos gêmeos, é arrepiante quando Marília constata que é o próprio Adriano (e ao mesmo tempo não, né, rs), que a recebe naquela sombria sala. Muito bem escrito, dá o maior medão!!! Morri de pena da Marília! Snif!
ResponderExcluirFiquei encucada com uma coisa.
ResponderExcluirComo o Veludo disse que não teria nada a ver com a morte de Jorge quando ela viesse, imagino que a morte, após dois anos, foi só coincidência. Que as duas coisas que ele tirou da Marília e entregou para Jorge foram as crianças, que ficarão com o pai "em espiritual".
Ou eu posso estar viajando, e o não envolvimento na morte é justificado por ela ter sido natural.
Mas ele não disse que tiraria da Marília PARA DAR ao Jorge. Disse que daria dois a ele E tiraria dois dela.
ExcluirA morte foi acidental. Você está certa. Ou não, rs...
Caramba, que conto! Achei incrível. Eu pensei que o Sr. Veludo ia tirar dois anos da vida dela e dar dois a ele o-O Fiquei com dó dela. Parabéns, seu conto me envolveu até que rápido, conseguiu prender minha atenção pelos minutos que passei lendo e me fez aplaudir de pé (Literalmente. Eu levantei da cadeira e aplaudi. Sério.).
ResponderExcluirHP, li todos os comentários e até agora não descobri...vc podia falar né?! to ficando maluca hahaha
ResponderExcluirE o livro sai quando? haha cara vc é muito bom,um livro seu seria otimo na minha vida! ficou show! abraços!
Os dois bebês foram bebês foram entregues pro capiroto... :-o
ResponderExcluirMuito bom.Senti falta de uma boa revisão. Nunca publique seus trabalhos sem isso. Parabéns pelo talento.
ResponderExcluirConcordo totalmente, mas o fato é que escrevi o texto rapidamente, de véspera, pois precisava ser lançado junto com o vídeo que sairia no dia seguinte. Nem a diagramação aqui do blog conseguimos corrigir a tempo. Mês do Horror é uma loucura. Vídeo quase todo dia. E normalmente sou eu quem edito os efeitos. Mas obrigado pelo comentário e abç!
ExcluirMuito bom mesmo seu conto, parabéns.
ExcluirVocê tem outros contos aqui no blog, ou publicados em outro lugar?
Tive contato com esse conto agora, realmente achei muito bacana você tem outros contos aqui no blog?
ResponderExcluirEnfim parabéns, ótimo conto continue escrevendo :)