Ei Norman, você tem Face?! (por Hpcharles)





Munido de um misto de desconfiança e curiosidade, ontem vi o episódio Piloto da nova série da A&E, “Bates Motel”. Mas esses sentimentos se transformaram em culpa após os vinte primeiros minutos.

Culpa porque achei legal. Sim, porque NÓS que somos fãs ardorosos de determinada obra, ou clássico, temos a mania vagabunda de achar que aquela porcelana não pode ser tocada. O que é uma bobagem. Isso se deve mais a nossa possessividade do que a qualquer outra coisa. É claro que péssimas experiências anteriores contribuíram, e muito, para justificar esse nosso desdém.

Então lá fui eu, dando de ombros e certo de que seria mais uma “chupinhação” desnecessária produzida pelos Yankees, ávidos por dinheiro. Porra, tinham que mexer em Psycho? Deixa o filme lá no pedestal, caramba!

Mas o “pity” passou rápido. Foi só ver a sinistra casinha no alto do pequeno elevado para um sorriso surgir em meu rosto e ser obrigado a assumir que algo interessante poderia surgir dali. Eu disse “poderia”. É cedo ainda.

Bates Motel foca em um Norman Bates adolescente e sua relação, para lá de estranha, com sua mãe. E vamos combinar? Nem o fã mais fanático de Psicose vai negar que algum dia deixou de elocubrar como teria sido a infância do psicopata mais famoso do cinema. Como ele chegou no buraco na parede. Como foi sua relação com a mãe quando viva. Bom, viva de verdade...se é que me entendem.

Outras pequenas charadas são desvendadas e é óbvio que não contam com a aprovação de Hitchcock. Mas é legal entender como o hotel ficou relegado ao esquecimento por conta de um mero “bypass”.


Relevante dizer que a história possui limitações em sua adução ao original. E a maior e que talvez incomode mais, é o fato de Bates Motel se passar nos dias de hoje. Norman Bates tem um Iphone. Fuck!!!!! “Kill then all!!!!!”

Calma gente! Por incrível que pareça, isso não incomoda tanto porque, ao que tudo indica, os figurinos são comedidos, quase “vintages”. A sensação de anacronismo é anestesiada pela casa, móveis, o hotel, a cidade pequena e é claro, os clássicos personagens.

Mesmo com um episódio apenas, dá para perceber a fragilidade emocional inserida na relação do bom Freddy Highmore (Norman Bates) e da sempre ótima Vera Farmiga (Norma Louise Bates). Sabemos que naquele bacalhau tem espinha, mas queremos descobrir onde ela está. Freud, deixe um pouco de lado a sua cocaína e lado e nos ilumine nessa hora.


E sim, vou acompanhar a série. Apenas o Piloto é pouco para dizer se o seriado vai engrenar, mas também é pouco para afirmar que será uma porcaria. O elenco parece ter sido bem escolhido e o climão das locações originais está presente. Freddy está contido como Perkins e seu físico parece ajudar, mesmo sendo ainda um garoto. Ele é alto, magro e possui expressões enigmáticas. Farmiga é excelente sempre. Para mim é uma daquelas atrizes underrated. Mas para ela a comparação é fácil de ganhar, né?

Em determinado momento fiquei pensando se o Norman Bates versão Malhação, teria Facebook. Depois pensei...”caraio”, até o Norman tem e eu não. Damn you HP! Damn you!


Bom, vejam por sua conta e risco. Quem é fã tente se despir do preconceito e assista de boa vontade. Ou então não assista e seja feliz. Eu confesso que gostei e continuo interessado em acompanhar o maluquinho taxidermista em sua puberdade.

Mas tem uma coisa que fará um calafrio correr toda sua espinha. A maneira característica com que o “Norminho” chama a sua “Mother”. Ainda mais quando grita...quem se lembra?

- “Mother! Oh God, mother! Blood! Blood!


Fica a dica para quem quiser embarcar nessa aventura proposta. Eu vou queimar esse cartucho, deixando minha pelasacagem de fã boy do “véio” Hitch de lado e tentar me divertir acompanhando a infância de um de meus personagens preferidos em toda a história do cinema. Mas se aceitarem a sugestão tratem de correr. Será que ainda tem alguma vaga disponível?

- “Oh, we have 12 vacancies. 12 cabins, 12 vacancies.”

Shuffle roulette #2: So come dance this silence down through the morning...


A frase do título do post é sem dúvida uma das mais bonitas contidas em letras de músicas.

É uma frase da Mr Jones do Counting Crows, que, ao contrário do que muita gente acredita, não, não é uma “one hit wonder”*.

A Counting Crows tem 5 discos excelentes.

(e tem um ao vivo que eu desconsidero porque... sou totalmente sing-along, gosto de ir a shows pra cantar junto, e CC é uma daquelas bandas que nunca tocam a mesma música igual ao vivo – ficam o tempo todo fazendo versões de si mesmos, sabe? Isso me irrita um pouco. Mas a banda não é menos sensacional por isso.

Mas tá, ontem, voltando pra casa, o shoufle me fez ouvir Mr Jones de novo.

E Mr Jones, pra quem não é da época, foi uma das músicas mais tocadas nas rádios na década de 90.

O ano era 1994.

Eu tinha 12 anos e via muito MTV – e esse videoclipe passava o tempo todo.

E marcou minha pré-adolescência;)

E fazia anos que não parava pra ouvir Mr Jones, porque junto com diversas outras músicas que tocaram demais, me dá gastura, sacumé? Mas, estranhamente, ontem eu não só ouvi a música inteira, como botei no “repeat”, em loop infinito até abrir o portão de casa.

Me deu saudade.

E eu não me lembrava do quão linda é essa frase na música...



*One hit wonder é uma expressão que denomina “bandas de um hit só”, ou seja, bandas que só tem uma música conhecida.

Sobre Prêmios, Papéis e Peitinhos (por Hpcharles)




Finalmente segue o meu texto sobre o tema proposto aqui no blog. Lembrando que o da Tati virá em seguida.

Primeiramente agradeço aos comentários, que serviram acima de tudo para mostrar que realmente há pouco consenso sobre o assunto. Vou me referir a eles em algumas oportunidades.

É mister que entendam que tentarei ser o mais pragmático possível em responder às questões que elaboramos. Se cedermos a mão à subjetividade, “in casu” ela irá se apropriar do braço. Bora dar o papo reto então.

Para que vocês pensem a respeito, vou recordar o que certa vez disse a musa do cinema francês Catherine Deneuve, que aduziu que a grande vantagem que a fama lhe trouxera foi a de trabalhar com o diretor que lhe apetecesse. Em outras palavras, ela não corria mais atrás de roteiros e sim de diretores. Na esteira desse pensamento filmou com Roman Polanski, Lars von Trier, François Truffaut, Claude Lelouch e Mario Monicelli.

A questão é, será que em seu intuito de gravar com esses caras Deneuve colocaria cláusulas restritivas de nudez, exigiria dublês ou o uso de CGI? Pode até ser, mas acho improvável.

A relação com um diretor desse quilate é de CONFIANÇA. E vice-versa. Me parece que Trier, por exemplo, sequer cogitaria trabalhar com alguém que não se dispusesse a fazer a cena que fosse, em atendimento à obra em si.

Nesse diapasão, é cristalino que certos pudores ou limitações causam a rejeição ou desconsideração de certos atores para determinados papéis, além daquelas tradicionais e justificadas, como idade e "physique du rôle". E por esse motivo, entre outros, alguns deles ficaram muito famosos mas não obtiveram grande reconhecimento em sua profissão.

Vejam bem, não estou afirmando que o fato de fazerem uma cena de nudez ou sexo os catapultaria ao estrelato ou lhes daria o condão de se tornarem grandes atores apenas porque toparam fazer tal cena, mas sim dizendo que, a recusa pode lhes custar papéis e oportunidades. Mais que isso, pode lhes estigmatizar como sendo um “tipo de ator ou atriz”, que serve apenas para determinado papel.

Vamos dar alguns exemplos? Citarei algumas “atrizes” porque acho que a pressão é bem mais forte sobre elas. Meg Ryan, Mandy Moore, Jennifer Garner, Keri Russel, Jennifer Aniston, Courtney Cox e poderia citar mais tantas. Atentem que, não escrevi que eram grandes atrizes, mas sim que, em determinado momento, poderiam se arriscar em papéis mais ousados, em virtude do sucesso e fama que conquistaram na tv ou no cinema.

Basta pensar com um pouco de frieza e verão que são atrizes que ganharam dinheiro, são celebridades, tem alguma influência, mas não fizeram nada de realmente relevante no cinema. A não ser que se contabilize as tradicionais comédias românticas e series televisivas como destaque.

Outras estão indo pelo mesmo caminho. Rachel Bilson, Kristen Bell, Zoey Deschanel, Elisha Cuthbert, Alexis Bledel. Tem nome feito no meio, mas alguém lembra delas a não ser para fazer papéis adocicados ou que não ofereçam riscos?

A própria Kristen Stewart, que não é lá grande coisa, já percebeu e saltou fora do esqueminha. Poderia ter ficado remansosa como a “namoradinha” do Edward. Dinheiro não ia faltar. Ponto para ela.

Posso estar equivocado, admito, mas rola uma zona de conforto. Depois há que se correr atrás quando os anos passam. Tem gente que está fazendo isso agora, como a Mary Elizabeth Winsted em “Smashed”, onde não faz nudez, mas se despe do papel de “bonitinha” para gravar o filme inteiro bêbada e sem maquiagem. Teve a também a Shiry Appleby em “Girls”. A Emmy Rossum no bacana Shameless. Até a fraquíssima Alexis Bledel, fez uma graça em Mad Men. Para ela aquele pouco já foi um avanço, acreditem.

Talvez o grande barato de ser ator seja poder viver papéis totalmente distintos em sua carreira e, se eu fosse um, veria como um pesadelo a possibilidade de ser estigmatizado como um profissional que só é lembrado para fazer um tipo de papel.

Tem alguns que percebem isso tarde e se fodem, como foi o caso da Meg Ryan no péssimo “In The Cut”. Porra, por que quando estava “por cima da carne seca” não chegou para o seu “Ari Gold” particular e disse: “chega de fazer coisas do tipo Sleepless In Seattle!" Me parece de meridiana clareza que existe um momento em que é preciso decidir se o que se deseja é ser ator ou apenas celebridade. 

O Henrique Montes que é ator, postou um comentário deixando claro que para certos diretores se você não está disposto a fazer nu, esqueça trabalhar com eles. E acho que é por aí. Vale a pena  limitar sua carreira por isso? Você é ator, ora bolas!

Me parece que a questão é clara: não quer fazer nu ou cena de sexo ok, mas você poderá ser punido por isso um dia. Perdendo papéis ou sendo colocado para escanteio por bons diretores.

No que tange ao uso de dublês e CGI, vou ser incisivo. É patético! Acho que se o que vemos são dublês ou computação gráfica, ou seja, se o que vemos são falsos atores ou falsos corpos, deveríamos poder pagar o ingresso com dinheiro falso também. Daqueles de Banco Imobiliário. Chumbo trocado não dói, não é mesmo?

Quanto aos prêmios é uma questão difícil. Não sabemos até que ponto existe pressão na escolha ou indicação de certos atores em detrimento de outros. Talvez seja mais uma questão de consequência. Pode ser que o reconhecimento de um ator que se “arrisca” menos seja mais difícil, por isso tenha menos oferta de papéis em bons filmes com bons diretores e assim tenha menos possibilidade de ganhar prêmios relevantes.

É fato que vivemos em uma época de filmes PG-13, o que é um saco. Aí a questão é financeira. Quanto mais restrição um filme leva, menos público ele amealha. É muito adolescente que consome e que fica barrado. E como sabemos…"money talks, bullshit walks".

Existe também uma questão cultural, principalmente nos EUA, nação pudica e falsa moralista da porra. Quem já morou lá sabe. Muita gente se drogando, muita gente enchendo os cornos e na hora em que aparece um mamilo na tela, toma de censura e de dizer que é indecência. E salve a HBO!!!!

A Rebeca Riga comentou nos lembrando que no cinema europeu essa questão parece superada. Pelo menos as coisas por lá não envolvem tanta discussão, a nudez é tratada com absoluta naturalidade. É interessante pensar nisso. No quoeficiente cultural a ser considerado.

É claro que existe a nudez forçada, desnecessária, improfícua, apelativa. Mas essa não se discute, né? Se o cara é um ator que já tem sua estrada, não vai querer queimar um cartucho por nada. Penso que faz bem em recusar.

Agora, se ele confia no sujeito por trás da câmera e se vê como peça importante da obra, por que não? Vai vender laranja então, ué? Não foi isso que você escolheu? Deixo claro que me refiro a gente que PODE de fato se dar ao luxo de rejeitar trabalho. Não quero entrar aqui em uma discussão moral ou social específica.

O Luan Lobo citou o “Anticristo”, que é um filme que possui uma cena de sexo pesadíssima e ele tem razão quando aduz que ela “passou longe da vulgaridade”. Vi uma entrevista onde a Charlotte Gainsbourg falou sobre isso e disse que o Trier é capaz de levá-la a fazer qualquer cena, tal a confiança que possui nele.

A Kirsten Dunst queria trabalhar com o sujeito, né? Teve que mostar o peitinho. Mas e daí? Fez o fodástico Melancholia, não valeu? Não é melhor do que “As Apimentadas”? E olha que ela é uma atriz que poderia tranquilamente fazer papéis confortáveis. Tem nome e a aparência para isso.

Enfim, a discussão é essa e vai longe. A Rosângela que fez curso de teatro deixou um breve comentário afirmando que “a nudez faz parte da profissão do ator” e que a questão “não deve ser levada para o lado moral ou imoral”. Não poderia estar mais certa…

O FbRC CrazyMan também largou um comentário dizendo que “acha que a Zoey Deschanel não toparia”. Ele já sabe o que eu penso, é claro. Será que ela acorda? É um bom exemplo.

Independente da discussão, o importante para quem curte cinema é ver bons filmes. Com atores se entregando, fazendo papéis desafiadores em estórias cativantes. Com ou sem nudez, quero é ficar preso na cadeira, envolvido pela narrativa, emocionado com a interpretação. Os peitinhos são apenas um detalhe. Um agradável detalhe, mas não mais que isso.

“Warriors, come out to play-yay!!!!” (por Hpcharles)




Será que o produtor Lawrence Gordon imaginava o estardalhaço que causaria quando comprou, com dinheiro de seu próprio bolso, os direitos sobre um livro velho e sem capa que achou em um sebo? Acho difícil.

Warriors, os Selvagens da Noite, é um filme daqueles que podemos colocar na categoria de “legal bagaraio”. A bagaça traz todo o clima da Nova York do fim dos anos 70 e te joga no meio do Bronx, onde a porrada come. Uma Big Apple dominada por gangs e dividida em territórios rigorosamente delimitados.

Como se não bastasse, o filme é recheado de curiosidades e histórias que marcaram sua produção e exibição nos cinemas. Muitos dos peculiares acontecimentos que envolveram está película, contribuíram para torná-lo um clássico do gênero e ser adorado por pessoas de todas as idades e gerações.

Virou vídeo game e suas “quotes” mais famosas são repetidas até hoje, 30 anos depois. Os dvds e blu-rays do filme vendem direto, camisetas temáticas ainda são usadas e posters enfeitam a parede de velhos e novos fãs. Até o falecido presidente Ronald Reagan curtia a parada.


Em síntese apertada, The Warriors conta a Via Crucis de uma irrelevante “turf gang” de Coney Island na desperada tentativa de retornar a seus domínios, após um infeliz incidente no Bronx onde, em uma enorme reunião, se encontrava toda bandidagem da cidade. Em tal “piquenique” lhes fora falsamente imputado o assassinato de Cyrus, líder dos temidos “Riffs”.  

Uma ordem de “procura-se” foi emitida e a partir dali, cada metro até chegar em seu território teria que ser conquistado na base do canivete, de tacos de baseball e de Coquetéis Molotov. Não há desafogo, vale cotovelada no gogó e dedo no olho.

Nessa distopia, o futuro de Nova York seria bem às feições do Zé Pequeno. Tinha que fechar com o movimento, senão ia para a vala. A Katniss ali não se criava. Eu garanto. Ia se foder com arco e flecha e tudo. A música é responsabilidade da “Radio DJ”, que cuida do "clima" mas também atualiza a estória quadro a quadro. Façam as contas: New York, fim dos anos 70, cabelo Black Power, calça boca de sino, soul no escutador de pandeiro e porrada comendo. O quê há para não se gostar?

Mesmo assim The Warriors foi destruído pela crítica. E cagou um quilo para ela. Já o público...bom, o público adorou. A rapaziada que "fecha com o certo" comprou o barulho e transformou o filme em fenômeno. Mesmo nas filmagens, que duraram apenas sessenta dias e ocorreram em 95% das vezes à noite, os fãs já ficavam até as três da matina assistindo a gravação das cenas, sob o frio congelante. O curioso é que os caminhões da produção eram guardados por REAIS integrantes da gang The Mongrels, que recebiam U$500 pela “flanelagem”. "E aí chefia? Deixa com a gente que tá sussa."


Mas não teve jeito, inúmeros equipamentos foram destruídos por brigas durante um lunch break. Vários membros da equipe de filmagem foram ameaçados de morte por não terem convidado algumas gangs locais em detrimento a outras. A violência tomou contas de salas de cinema e muita gente pediu que o filme fosse banido.

Notem que a violência em NY naqueles tempos era real, o que contribuiu deveras para a mística que rondava o filme. Em uma cena envolvendo a gang chamada “The Orfans”, a filmagem teve que ser interrompida devido a uma perseguição policial. A gang de Coney Island "The Homicides" não permitiu que ninguém da produção usasse suas cores enquanto filmava em sua área, o que foi prontamente atendido, diga-se de passagem.

Reza a lenda que Frank Marshall, o produtor executivo (sim, aquele mesmo, o Big Shot), teria contratado um verdadeiro líder de quadrilha para o papel de Cyrus, mas que misteriosamente ele teria desaparecido e nunca mais fora visto. Michael Beck, o ator principal desmente, mas a dúvida permanece até hoje, o que só fez aumentar a idolatria pelo interessante filme de Walter Hill. O mesmo que dirigiu 48 horas e produziu Alien, o 8o Passageiro.

As cenas de ação de Warriors também foram super festejadas à época, principalmente a luta campal com os “Baseball Furies”, que aliás, é uma referência a uma gang real do início da década de 70 chamada “Second Base”. A dica é passada no filme quando a rádio que narra e acompanha os desafortunados jovens de Coney Island solta a letra de que os Warriors have “...made it past Second Base”.

De fato “Warriors” se apropriou do mais famoso trabalho de Xenophon, chamado Anabasis. O livro descreve a jornada dos “Dez Mil”, onde um exército grego de mercenários comandados por Cyrus (lembram do nome do chefe dos Riffs?), em sua luta com os Persas, se vê tragicamente isolado atrás das linhas inimigas. Hill e sua equipe adaptaram o alfarrábio o catapultando para a NY do fim da década de 70. E o fizeram de forma distinta e marcante. Não se esqueçam é claro, do nome dado ao mais valentão do grupo: Ajax. Vulgo, "pai do Dexter".


A verdade é que quem viu The Warriors dificilmente esquece. Eu assisti a primeira vez muito jovem, ainda em fitas VHS, e sempre me lembrava do filme. Comprei em dvd e depois, quando pude, o blu-ray com a versão do diretor (que acho pior). E posso acrescentar que só o fato de escrever a respeito, já me deixa com vontade de ver a parada pela enésima vez.

Não esperem a Capela Sistina. Aliás, na boa...não esperem nada. Vejam sem pretensão e por certo se divertirão. Para os mais novos que nunca assistiram os “Selvagens da Noite”, pode até passar uma impressão de filme de Sessão da Tarde. Mas eu asseguro que se assim for, é tudo o que a Sessão da Tarde sempre quisera ser um dia e nunca conseguiu. Um filme que marcou época, com momentos e frases sensacionais, sem a porra da Lessie ou daquela leoa vesga do inferno, a Elsa. Ou vocês acham que ouviriam algo do quilate de “I'll shove that bat up your ass and turn you into a Popsicle” em um filmezinho mequetrefe qualquer? Só lembrando que a citação acima é ranqueada em décimo segundo lugar no “UGO's Top 50 Tough Guy Lines” e está entre as “50 Greatest Baseball Lines Ever”.


The Warriors é assim. Diferente. Nostálgico. Cool. Um filme para lembrar com os amigos depois de tomar umas cervejas. Você vai torcer e se solaridarizar com a rapaziada "bicho-solto" de Coney Island em seu longo retorno suicida para casa. Eu recomendo com força. 

Mas o mais legal em The Warriors é brincar de achar o Wally com o Samuel Jackson. E aí? Quem se habilita? Eu pago uma Coca-Cola.

CAN YOU DIG IT?!?!






<< >>