"Martyrs", quando o filho chora e a mãe não ouve (por Hpcharles)




Bom, em primeiro lugar eu vou dizer para você NÃO ASSISTIR “Martyrs”. Isso mesmo, não assista. Aí você vai retrucar: “ah tá, o velho truque de mandar não assistir só para eu ficar com vontade”.

Tem muita gente que faz isso, mas nesse caso só estou tratando de tirar o meu da reta, porque depois não quero gente comentando...”Hp seu filho da puta, estou sem dormir faz dois dias”. “Hp seu sádico, fiquei com nojinho!!!!”. “Hp seu demônio de asas, porque você me disse para ver esse filme?!” Aí eu vou jogar na tua cara...nãnãninãnão! O que é que eu escrevi no post? Agora se vira, dá teu jeito!

Fora a perfumaria acima, Martyrs é um daqueles filmes que diria para “Massacre da Serra Elétrica” ir para a caminha dormir porque já passou das dez, sacam? Gente, é terror francês. Não tem "Parent Guide" naquela porra, não. Lá é queijo, vinho e navalhada!

Já gostava do estilo sem mimimi do pessoal do “crème fraiche”, desde o visceral “Frontiers”. Em “Inside” eu me apaixonei pelo jeitinho doce e delicado com que os franceses contam suas estorinhas de amor. Então desculpem meu francês, mas Fuuuuuuck! Les fils de pute não fazem cinema de terror, aquilo é teste para entrar no BOPE.

Martyrs vai te dar um tiro de calibre 20 nas entranhas. E quem viu o filme sabe que isso acontece quase literalmente, né Mylène Jampanoï? Vejam bem, não há concessões na película. Não existe economia nos traumas propostos ao espectador e sofridos pelos protagonistas. Não são feitos cortes pontuais nas cenas mais repugnantes. Aliás, eu menti. O filme é cheio de cortes. Vocês só entenderão a dimensão e o tamanho do estrago, quando assistirem.

A estória também não é boba como uma Sexta-Feira 13 da vida. Ali tem roteiro, tem escritor. Mas os diálogos são escassos. É um filme acima de tudo para os olhos, sem redundâncias. A narrativa caminha desposada de maiores pistas e você só vai entender a trama central propriamente, lá quase pelo meio.

Tudo começa com uma menina correndo, fugindo em desespero. Essa criança foi visivelmente abusada. Não se sabe por quem ou porquê. A narrativa dá um pequeno pulo e é remetida para um orfanato onde essa mesma jovem tem, em uma “miguxinha”, sua única ligação com o mundo exterior. Ela continua sendo agredida implacavelmente por um ser qualquer. Não é passado ao espectador, em um primeiro momento, a certeza de que tal criatura é real ou imaginária. Só se sabe que as feridas na coitada da guria são reais e ardidas. Como eu sei? Porque cortava no LCD e doia em mim, tal a plasticidade das cenas. Dá pena da infeliz.

Novamente a estória dá um salto para o futuro. Café da manhã de família no estilo “Doriana”. Irmão brinca com a irmãzinha, pai conversa sobre a vida com a “mammy”. Tudo sussa. É mesmo? Big fucking mistake!

Agora, a mesma menina que antes tinha sido abusada repetidamente, já bem mais velha, entra em cena com uma espingarda de grosso calibre na mão e diz: “Meu nome é Zé Pequeno e vou matar geral!!!!!!”


Daí para frente é montanha russa. Quem quiser continuar a viagem toma Plasil, quem não quiser que desça do bonde agora. Não vou dar mais spoiler do já que dei. Seria sacanagem para quem gosta desse tipo de cachaça. Vou dizer apenas que, etimologicamente a palavra mártir deriva "martys"(mais cedo), palavra grega para “testemunha”.

Ficaram curiosos? Pois é. Garanto que a temática, por mais que não pareça, se resolverá na busca pelo transcendente. A Discussão vai para porra do metafísico. Loucura total. Como disse antes, a trama não é adolescente. Achei interessante, original, seu argumento sofisticado, quase elegante. Tudo isso a despeito de tanto sangue e do filme ser absurdamente violento. O elevadíssimo coeficiente de desgraça e sofrimento não é gratuito. É diretamente ligado e proporcional à questão primordial da estória.

Definitivamente não é um filme para todos. A maioria para no meio ou assiste com a mão nos olhos, ou seja, não assiste. Martyrs é aquele filme que, ao terminar, te deixa com um gosto ruim na boca e com estômago embrulhado. No entanto, a ideia é boa e para mim isso já bastaria, “in casu”.


Quem se interessar conseguirá encontra-lo com facilidade nos sites da vida, mas curti tanto que comprei o filme. Ele está na prateleira, ao lado de “Frontiers” e de “Inside”. Coloquei um crucifixo em cima dos caras e os deixo quietos por lá. O que será que vai na cabeça desses franceses para bolarem coisas tão “bloody disgusting”? Depois eu que sou o maluco.

Mas pessoal, por favor...a recomendação é só para quem gosta muito de coisas do gênero. Para quem tem tripas de ferro e bolas de aço. Não vai por mim não, afinal “qui hante chien, puces remporte”.


36 comentários:

  1. Nossa, depois desse post com certeza vou assistir, faz tempo que não assisto um terrorzinho bom. Mas se eu vomitar não se preocupa, não vou lhe culpar!

    Hp, gosta daquele diretor dinamarquês Lars von Trier? Assisti três filmes incríveis do cara, Anticristo (hardcore depressivo), Melancolia, e Dogville (esse ultimo é uma obra prima com a Nicole Kidman!). Fica a dica, e se já assistiu poderia comentar.

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  2. Nossaaaa, ahahaha eu vi esse filme há um tempo já, e esperava tê-lo apagado completamente da memória, mas não tem jeito, as cenas colaram na minha mente de maneira irreparável. Sou do mesmo tipo que vc, não recomendo esse filme pra ninguém, e na época eu fiz o favor de contar com detalhes para amigos próximos a experiência que passei com esta obra prima do horror.
    O que mais me marcou in fact foi a questão da crueza como foi retratada uma certa cena que dura mais ou menos 20 min do filme, sem trilha sonora, só vc e a personagem como numa participação perfeita do espectador nos atos de tortura vivenciados pela vítima da história. Sem exageros, fiquei chocada, não acreditava que ele tivesse dedicado grande parte do filme pra isso. Mas é claro que depois vemos que tudo nele é pensado hermeticamente.

    Marquei o nome do diretor pra futuros casos de psicopatas à solta (hahaha a mente insana que pensou naquilo não pode ser tratada com descaso ;P). E como amante do gênero de terror espero até hoje o filme que irá superar esse aí. A fronteira e Inside passam perto, são primos da mesma família. Pena que o novo filme do Pascal Laugier me deixou um tanto decepcionada, o velho monstro da expectativa. O "Tall man" vc viu?

    Ótima resenha by the way ;} Abraço!

    p.s: em falar em "Bloody disgusting" tem um site com o mesmo nome que acompanho e recomendo ^^

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    1. Martyrs é SPOOOOOOOKY!!!! Rs, eu conheço o site, muito legal. Fiz uma resenha do "The Divide" aqui. O filme não é de terror e nem Francês, mas "surprise, surprise"...é do Xavier Gens mesmo de Frontiers. Gostei bagaraio! Segue uma linha pesada pra cacete. O final é depressão pura. Comprei o Blu-ray na Amazon e minha caixinha veio meio quebrada, damn it!!!!! (como diria o Jack Bauer). Dá uma olhada, não sei se vc viu o filme, se não vale a pena. http://frappuccinomochabranco.blogspot.com.br/2012/04/divide-2011.html

      1 abç.

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    2. By the way...The Tall Man "fail". Ideia boa, realizacão péssima.

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    3. Pô 'The Divide', tou com esse filme no HD há um tempão enrolando pra ver, achando que ia ser ruim sei lá...não vi nenhuma resenha positiva sobre ele, but then again não vi muitas resenhas ;P Vou dar uma chance pra ele! Valeu pela dica.

      E concordo com o 'tall man', que coisa mal executada...tsc tsc.

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    4. Se liga no clima de "The Divide". Não há saída. A crítica desceu a lenha, mas dane-se, o filme faz o que se propõe, te deixa incomodado. Filme de pós apocalipse com esperança? Acho que seria muito próximo do que o Gens retratou ali. Loucura, lobo comendo lobo. Bom, vê e depois comenta.

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  3. Medo! E vontade de assistir. kkkk
    Mas na duvida fico sem ver mesmo, por enquanto...

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  4. Vamos conferir para ver qual é, Amanha saio a caça do filme, Agradecemos a dica HP!

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  5. Eu particularmente tenho meu xodó por filmes de horror e não costumo ficar amedrontada, mas só com essa descrição, confesso que fiquei um pouco receosa... But, irei ver com certeza, espero não me decepcionar como certa vez que pedi referência na locadora(não que eles façam isso bem porque não fazem, mas...) e me indicaram "violência gratuita", daí eu descobri porque nunca encontrava filme que prestasse nas bancadas, eles escolhem...

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    1. Bom, aí eu já não sei. Violência gratuita é um remake (do tipo quadro a quadro) de Haneke. Eu não achei espetacular mas achei bom. Bem melhor do que qualquer filme meia boca de Hollywood. Mas aí entra o que vc realmente procura. Filmes mais centrados na narrativa e desempenho de atores, mais artísticos ou produções com apelo mais blockbuster? Mais comerciais ou sem muitas concessões? Ser for mais para o lado de filmes fáceis e óbvios, aí nem precisa baixar Martyrs. Não é filme com temática voltada exclusivamente para lucro ou para dar azo a inúmeras sequências. 1abç.

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  6. Adoro filmes franceses. Eles são muito loucos hhahaha Lembro que vi um sobre uma mulher louca que tenta entrar na casa de um casal e pegar o filho deles. É muito sangue, cenas nojentas, mortes, até tem direito a fogo hahaha Não me lembro o nome agora, mas o final é de se indignar! Fiquei curiosa para ver o filme, mas nem consigo assistir Jogos Mortais sem passar mal, imagina esse :/

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    1. Então, é justamente o "Inside" que eu cito no texto. 1 abç.

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  7. Martyrs é um dos poucos filmes que consigo dizer, tranquilamente, que me deixou perturbada. E não é só a questão da visceralidade física, os questionamentos que o filme traz, a questão de até onde vale um sacrifício, me deixaram com isso na cabeça por alguns bons dias. Quando eu vejo um filme que gosto muito geralmente quero revê-lo no minuto seguinte; com Martyrs, tive que esperar uns bons meses. Ótima resenha! :)

    Outro filme que me deixou perturbada, mas sem a parte do visual sanguinário, é Seul Contre Tous, do Gaspar Noé. Já assistiu? É um dos outros que me perturbou bastante, e, sempre, no bom sentido. ;)

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    1. Não vi e vou baixar agora mesmo! Fiquei interessadíssimo na sua dica. Terror francês é comigo mesmo.
      Quanto a Martyrs é exatamente isso. É preciso passar um tempo para ver de novo. Isso aconteceu comigo com The Divide(tem uma resenha minha sobre o filme aqui no blog) que é do Xavier Gens, o mesmo de Frontiers. Acabou o filme e eu lá atônito, sem saída. Recomendo, tb. 1abç e obrigado pela dica.

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  8. Ahhh, quero muito ver esse filme!
    Tati, eu preciso te dizer que eu adooooorei você, adorei o seu blog e seu canal no youtube. Gosto do que você fala e como fala, já to te seguindo aqui e no youtube, adoro suas dicas de livros!

    *-* fiquei muito feliz de te achar na internet! hahahahaha

    Beijos lindona!

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  9. Eu vi o filme a uns seis meses atrás... Ninguém havia me dito "não assista é terrível" só me disseram " é muito bom, você TEM que ver" e eu segui a recomendação. Amigo FDP!
    Três dias sem vontade de comer e dormir a parte, o filme é realmente incrível, mas é daqueles que eu não recomendo pra ninguém também.
    Mas o filme me abalou muito mais por outras razões do que pela "nojeira" em si, até quando não havia sangue jorrando, havia tortura, e o que mais me revoltou no filme foi o porque de toda aquela monstruosidade (que eu não vou comentar, porque sabe, vai que algum doido quer ver o filme)
    Mas o motivo não é revoltante (e perfeito)?

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    1. Rs, viu como eu sou "legal"? Pelo menos eu avisei. Mas é isso mesmo que vc escreveu. A violência não é gratuito. Acho que se vc consegue superar a plasticidade das imagens, percebe que Martyrs é um grande filme. Totalmente fora do trivial. 1 abç.

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  10. Nossa, eu também não recomendo esse filme pra ninguém!

    Reservei o final da minha noite com os amigos pra assistí-lo porque eu queria terror mais refinado que existe. Mas me deparei com cenas nem um pouco convincentes e um enredo que, apesar de bem-pensado, não é o tipo de horror que eu queria...

    Queria algo mais mindfuck que isso!

    PS: pode ser que isso seja o meu lado hollywodiano de filmes falando e eu não esteja no ritmo dos europeus, mas não curti mesmo!

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    1. Como disse não é um filme para todos. Se vc curte produções mais blockbusters, com o tradicional jeito americano de filmar, Martyrs definitivamente não é a sua praia. 1 abç.

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  11. Assisti duas vezes seguidas. Ainda estou me recuperando da overdose.
    É assustador e fascinante ao mesmo tempo.
    Devo ser masoquista, senti cada corte, cada porrada, toda a angústia e desespero e amei.
    Realmente amei esse filme.
    Qual é o meu problema? Rsrsrs

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  12. Eu tentei assistir este filme mas não consegui passar dos 20 minutos e olha que gosto de filme francês... talvez eu seja mais uma menina boba que não aguenta ver a verdade

    Já meu namorado amou este filme, vou até mandar seu post para ele ler, com certeza ele vai ficar muito feliz por alguém também gostar dele...

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  13. Assisti faz mais ou menos um ano e posso falar com toda a certeza do mundo que Martyrs é o tipo de filme que deixa uma cicatriz em você. Eu fui assistir o filme com mais uma amiga esperando ser um filme de terror tradicional, em que nós tomaríamos alguns sustos, ficaríamos com medinho mas que em menos de meia hora já teríamos superado e tchau. Bom, depois que Martyrs acabou, nós meio que nos olhamos com aquele olhar de "WTF WAS THAT?". Não tomamos nenhum susto e nosso medo não passou em meia hora. Então, não, Martyrs não é pra qualquer um. É um filme que vai te traumatizar, embora eu não tenha me arrependido de nenhuma forma em tê-lo visto. Foi meio que uma experiência e eu pretendo ver de novo. hehe Bjs!

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    1. Bom, eu gostei tanto que comprei aquela praga! Baixe Frontiers, Inside e The Divide(esse tem uma resenha minha aqui no blog). Se vc realmente curtiu Martyrs, é bem possível que curta esses.

      1 abç.

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  14. Eu vi esse filme a um ano atras.MEU DEUS.eu fiquei tipo,3 meses me recuperando desse negoço.Toda noite eu tinha pesadelo.Eu assisti ano passado,quando eu tinha 11 anos.Eu sempre assisti filme de terror e nunca fiquei com medo dessas coisas,mas esse filme realmente mudou meu conceito.Depois dele eu estou ate agora sem assistir nenhum filme de terror.Esse filme é só pros fortes,acreditem

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  15. Vi o filme ontem a noite, Filme pesado, Ao meu entender tem a ver com fanatismo religioso, Através do sofrimento, enxergar a outra vida em vida, Coisa de maluco como sempre.

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  16. Hp curti muito sua dica baixei o filme e tipo reuni a galera aqui em casa tudo bem que a metade foi conversar com minha mãe na metade do filme mas tipo amei ele,mas é um dos filmes de terror que nos deixa com cada cena na cabeça e é claro assistir novamente só na próxima encarnação,mas valeu a dica!!!!Curti muito!!

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  17. amei o filme reuni a turma aqui em casa para assistir,alguns falaram que era pesado mas dane-se eu amei,como sou fãn de filme de terror esse vai para a lista dos que eu amei e amo,mas é claro assistir ele só uma vez na vida rsrs,amei a dica brigadão HP

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  18. Nossa, eu acho esse filme fantástico! Realmente, não é pra qualquer um. Traumatizante mesmo. Mas o que realmente me deixou pensativa e dificultou meu sono foi o final. O que diabos ela fala pra velha, gente??? Despertou todos os meus medos infantis criados pelo catolicismo que eu sinceramente achei que tivessem sumido... Impressionante no que o medo puro pode transformar o ser humano...

    Eu tentei baixar Frontieres há uns meses, mas só encontrei versões de péeeessima qualidade, ou então desmembrados em vários vídeos menores... Tem algum link pra me passar?

    Como sempre, ótima resenha! Keep up the good work :)

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    1. Tenta esse: http://thepiratebay.sx/torrent/4107523/Frontiers.2007.UNRATED.LiMiTED.DVDRiP.XViD-hls_

      1abç.

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  19. Olá, o filme INSIDE que vc cita é esse aqui do link?
    http://www.interfilmes.com/filme_19247_A.Invasora-(A.l.interieur.Inside).html#Comentario
    Se não for, vc pode me mandar um link pra eu saber qual é?
    Obrigada!
    Bj

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  20. Cara assisti e adorei ele o melhor que vi até agora, mas tem assistir ma de uma vez para entender alguma coisa direito, na minha opinião.

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