Tsc, Tsc...Osama?! Hey, Osama?! (Por Hpcharles)




Essa semana eu finalmente vi Zero Dark Thirty ou “A Hora Mais Escura”, se preferirem. O filme foi dirigido pela diretora vencedora do Oscar por “Guerra ao Terror” Kathryn Bigelow, a mesma que foi esposa do “rainmaker” de Hollywood, James Cameron.

Basicamente o filme retrata a cruzada empreitada pela CIA e especificamente pela agente Maya, vivida pela cada vez mais requisitada Jessica Chastain, em busca do terrorista mais famoso do mundo, o “all-star” Osama Bin Laden. Aliás, a Jessica que é muito boa atriz, está se tornando aos poucos, o novo Michael Fassbender ou o nosso Lázaro Ramos. Como faz filme a menina.


A história é muito bem contada e notem, não sei se é verdade, mas o filme começou a ser escrito antes da captura do Osama, o que dá um tom ainda mais interessante à película.

A diretora parece que pegou o jeito da narrativa dos meandros militares, se dedicando a esposar com minúcias a parte tática e de inteligência. É indiscutível que a moça sabe o que faz. Assim foi no fodástico, “The Hurt Lucker”.

A própria ideia de contar o que aconteceu após o 11 de setembro na seara da inteligência e contra-inteligência, já seria suficiente para me fazer ver o filme. A abordagem foi muito direta e de certa maneira, bem honesta.

Não houve uma crítica direta ao Islã e nem era o caso, e percebam que os primeiros 45 minutos se restringem basicamente a torturas praticadas pelos americanos em campos de prisioneiros de localização secreta. Então o famoso proselitismo ianque ficou, a priori, relegado a segundo plano.

Aí alguns penderão para dizer que as tais cenas de tortura foram desnecessárias ou excessivas, enquanto outros entenderão que eram imprescindíveis. Me parece que pela maneira como a coisa foi mostrada, isso era muito importante na cabeça da Kathryn. Tanto para levantar a discussão sobre a prática, como para mostrar o que aconteceu de verdade, por mero apego à verossimilhança dos fatos. A sensação de incomodo e desconforto deveria ser passada ao público e foi isso que ela fez.

Claro que tem gente que entende que ela teria feito uma “propaganda de aceitação da tortura”, e inclusive existem outros que pedem até um boicote ao filme no Oscar. Não vi por esse prisma e é claro que na minha opinião tortura não se justifica em NENHUM caso, mesmo naqueles onde existe uma suposta ameaça terrorista. Mas há quem ache, a discussão é essa, está na mesa e o assunto é foda.

A diretora nos brindaria com mais alguns momentos impressionantes e visualmente chocantes ao longo do filme. Homens se explodindo inadvertidamente após exaltar a Alá e agentes sendo salvos de metralhadoras graças a vidro à prova de balas, mostrando que “chumbo trocado não dói”.


Existem outras cenas que não são visualmente impactantes, mas muito importantes para compor a complexa narrativa da história, como naquela onde é mostrado um agente “liaison” fazendo uma rápida oração em árabe, ajoelhado em seu tapetinho, virado para Meca. Clara tentativa de desvincular o Islamismo do terrorismo, aduzindo que existem muçulmanos que também lutariam contra a Al-Qaeda.

Ainda abordando a tortura, existe uma discussão incidental no filme que é sobre a efetividade do suborno(em contraponto a tortura)de um influente Árabe no Kwait, ao presenteá-lo com um veloz “brinquedinho” de U$400.000,00. Cumpre ressaltar que nem todo muçulmano é Árabe e que, boa parte daqueles que chamamos de “Árabes”, normalmente são “persas”. É o caso das pessoas nascidas no Irã, Paquistão, Afeganistão, entre outros.

Nessa cena fica clara a dicotomia entre a necessidade de se torturar a e possibilidade de, em se dispondo de recursos, apenas “comprar” a informação. Na história, a discussão sobre o dinheiro no meio da ideologia aparece em algumas oportunidades através da agente Jessica, vivida pela excelente Jennifer Ehle(Contágio). Sem querer dar spoiler, ela aprende da pior maneira que U$25.000.000,00 compra muita gente, mas não a todos.
O filme segue uma sequência de eventos importantes, trilhados com atentados ao redor do mundo em concomitância a um esforço hercúleo para se eliminar a Al-Qaeda e o possível mandatário do maior e mais plástico atentado terrorista já visto na história. Remete à quantia absurda gasta em tal empreitada e deixa claro que a tarefa foi difícil “bagaraio”, levando quase uma década até ter ser completada.


A cena final onde os “canários” empreendem o esforço definitivo para assassinar O.B.L. é tensa, incrivelmente verossímel e meio que nos leva para dentro da casa do barbudo. As mortes são frias, profissionais e brutais ao mesmo tempo. Não há receio, remorso ou titubeio. Apenas uma missão a se cumprir. E ela é cumprida.



Assim como o grupo de operações especiais, o filme também cumpre sua missão. Conta a história com requinte de detalhes e crueza. Sugere algumas outras discussões e se omite em outras, mas dá o recado direitinho. De qualquer maneira, é uma película imprescindível para quem se interessa pelo assunto, como eu. Lembrando por derradeiro que Zero Dark Thirty concorre a 5 Oscars. Entre eles os de melhor filme, melhor atriz (Jessica Chastain) e melhor roteiro adaptado.

 Tsc, Tsc...Ibrahim! Tsc, Tsc...Osama! Não entenderam? Vejam o filme e prestem atenção no jeito mais estranho de se matar alguém que já se viu.

10 comentários:

  1. Adorei a parte do "fodástico", fora isso, o filme me parece bem realista, tentando se apegar a tudo quilo q preferimos ignorar, como a tortura e a capacidade de um ser humano destruir vários outros em busca de um ideal. Adorei sua resenha, muito bem escrita e consegui enxergar as facetas do filme, parabéns, vc escreve mto bem!!!!!

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    1. Obrigado Lu, gostei bastante do filme. Mas parece que ele está pare ser boicotado lá nos USA. Não sei até onde isso é verdade ou a extensão do problema.

      1abç.

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    2. Q pena, mas acho q um boicote é uma ótima maneira de fazer as pessoas terem mais vontade de assistir!

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    3. É verdade, essas coisas costumam gerar um efeito contrário. Agora que todo mundo corre para assistir, rs.

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  2. Engraçado; quando vi o poster e o título não me interessei muito, mas lendo sua resenha morri de vontade de correr pro cinema. Adoro filmes envolvendo a CIA e estratégias. Vou dar uma chance pra ele.
    Beijos.
    http://www.doceilusao.com/

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    1. Se vc curte filmes envolvendo a CIA então vai gostar. 1 abç.

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  3. Assisti em uma pré estréia nos States em Janeiro. Muito fodão o filme

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