“A gente só ficou”. Quem já não ouviu isso? Para um cara velho pra
caralho como eu, isso ainda soa confuso. Tá, sabemos que dar beijo na boca a
três por quatro é bom demais, ninguém nega. Mas em tempos de “cutucada” de Facebook,
qual é a mágica que distingue a ficada, do namoro e da “união estável”?
Notem que não escrevi “casamento”, porque os direitos e deveres
adquiridos com o abrigo da união estável por nossa legislação, já englobam a
instituição em comento. Além disso, discorrer sobre direito não é minha
intenção. Sou um advogado que ODEIA direito. Isso mesmo, acho direito um saco.
Escolhi errado, fazer o quê, né? “Sue me”!
A pergunta que não quer calar é: o que faz com que aquela pessoa com
quem ficamos naquela festa (bar, buteco, festa de casamento, churrasco da facu,
cinema, estádio de futebol, etc), se torne relevante em nossas vidas? Eis o
mistério da fé...
Vou perguntar novamente: o que faz com que tenhamos o genuíno desejo
de telefonar para certa pessoa no dia seguinte? Ou melhor, o que distingue essa
tal pessoa, das outras que sequer lembramos após uma semana?
Alguns dizem que os opostos se atraem. Alguns aduzem que são os
signos. Alguns afirmam que é o destino. Como não leio “NOVA”, acho que tudo
isso é bullshit.
A atração física, o cheiro, o sexo, podem te fazer ligar no dia
seguinte, mas para dar a mão no shopping, é preciso uma conexão maior. Para
dizer, “é minha namorada(o), minha mulher(homem), esposa(marido), tem que ter
um diferencial. De onde sai essa faísca transcedental?
Sinceramente, não acho que seja das diferenças. Pelo contrário, acho
que vem das similaridades. Do gosto em comum, dos planos, da porra da conchinha
após o sexo. O que faz a diferença são as idiossicrasias. Fez xixi na frente do
amado, fechou a porta da geladeira com o calcanhar, soltou um “pum” debaixo do
edredom, você está literalmente fodido. Se isso não é amor, não sei o que é...
Aceitar as piores características do outro e ainda assim querer
estar junto, é o que vale. Dizer que ama filhote, todo mundo diz. O cara mais
bundão do mundo ama alguém. O que importa de fato, é como você TRATA a pessoa a
quem você diz que ama. O que importa é o que você FAZ pela pessoa a quem você
diz que ama. O resto não importa. É problema seu com seus botões.
É claro que a máxima: “nós não escolhemos de quem gostamos” é
verdadeira. Mas definitivamente escolhemos com quem ficamos e mais ainda,
escolhemos com quem permanecemos.
Certo também que, nesse vendaval de opções, emoções e devaneios,
rola uma patologia ou outra, porque ninguém é de ferro. Seja na insistência
imbecil no que já acabou, seja no fechar de olhos para o que não pode dar
certo, o consenso é de que, vez por outra, fazemos merda. Se aprenderemos com
ela ou não, é outra discussão.
Ainda assim, a pergunta persiste. Talvez seja uma pergunta sem
resposta. Quem sabe, o remédio seja mesmo fechar os olhos e se atirar. Talvez a
solução para a equação esteja mais na torcida do que no cálculo. É, pode ser.
Mas a vida, que é uma puta, vem e te cobra.
Então por favor...think it over.
Que não há fórmulas para a felicidade já sabemos, mas e para a
infelicidade, será que existem? É cristalino que quando fazemos olhos de
caixeiro viajante para o óbvio, corremos grande risco de contribuirmos para o
inevitável fracasso. Ainda assim, às vezes insistimos no improvável. Depois
temos que ouvir o filho da puta do “I told you so” vindo de mãe, dos amigos, do porteiro e o cacete.
Só que, por vezes, também precisamos passar pelas más escolhas,
condão da burrice desmedida, sinal da ferradura no pé. Depois aprendemos. Ou
não, como diria Caetano Veloso (chato da porra).
Esse assunto sempre dará pano pra manga, mas uma coisa eu posso
dizer com certeza: não há possibilidade da parada funcionar sem dedicação, sem
abdicação, sem elã.
Filhão, se atira e vai. Sim, porque se não se atirar, não vai mesmo
e vida morna é uma merda. Você quer segurança? Faz concurso público para o
interior no estado.
Até o Robert Pattinson, vulgo “picão das galáxias”, teve que comprar
um carro com teto solar. Não existe segurança total no amor. Mas existe você
investindo, fazendo a sua parte e torcendo para tudo dar certo de um lado e, do
outro lado, a vida. Às vezes a roda da fortuna está a seu favor e outras vezes
não. Ninguém disse que seria fácil, mas se você não fizer o que te compete, aí
é foda. O que é difícil, fica impossível.
Como já disseram, relação afetiva não é tênis, onde o objetivo é
fazer com que o outro não devolva a bolinha. Amor mesmo, é frescobol, onde a
grande sacada, é não deixar a bolinha cair no chão. Porque será então que, vira
e mexe, atiramos a droga da bola com um canhão?
Mas no meio de tantas dúvidas, existe uma certeza. A de que ninguém
quer ficar sozinho. A vida é um fardo duro para ser carregar e, por mais que
existam uma meia dúzia de três ou quatro super-heróis por aí, precisaremos de
ajuda em algum momento da vida.
E para isso, precisaremos descer de nossos pedestais de mármore e
encontrar mérito e prazer na entrega vendada, no beijo no escuro, na conta
conjunta. Precisaremos contar com a pessoa com quem dividimos o lençol e
acreditem: é isso que nos redime. É isso que nos motiva a nos tornarmos seres
humanos melhores.
O mais curioso é que essa entrega cíclope, essa mesma renuncia ao
egoísmo e a ambição pessoal deslumbrada, tão exacerbada nos dias de hoje, é que
paradoxalmente, nos faz sentir satisfeitos ao deitar a cabeça no travesseiro. A
confiança de que não se está só. Confiar para colher. Dicotomia anacrônica.
Bom, já “fiquei”, já “namorei” e hoje estou mais para a “união
estável”. Aquela mesma, de bambolê de otário. Tenho deveres a mais,
preocupações a mais, sentimentos a mais. Ainda assim, eles fazem toda a
diferença, mudam o placar, valem a pena.
Mas isso sou eu. Conversemos daqui há vinte anos...”ou não”, como dizia Caê.
Acho que já disse que ele é chato pra caralho, né?
Hpcharles
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEis o tipo de coisa que eu gostaria de ter escrito!
ResponderExcluirexcelente!
ResponderExcluirOlá!!!
ResponderExcluirSou amiga da Tati, imagina, ela nem sabe, ainda estou para comentar nos videos dela. Ela nem sabe que tem uma admiradora secreta. (rsrs)
Mas, recebi seu texto e vim comentar.
Ri algumas vezes e fiquei feliz. Porque sinceramente depois de tudo achava que investir era só p/ mulheres.
Que p/ homens o melhor seria ficar largado por motivos que não sei, vocês ainda são um mistério p/ mim.
Colega, concordei muito. O q vc disse sou eu tb.
Minha mãe certa vez disse: "Você insiste e persiste muito", (ela dise que era por causa do meu signo) sei que ela se referia ao meu casamento.
Passei cada coisa que até Deus duvida, mas tive tantas outras que resumindo eu vivi e vivo realmente.
Relacionamentos rasos, tranquilos, vão fazer vc viver? acho que não né? Não invejo muito essa moda não, se bem que beijar muuuito é a parte boa. (rsrs)
Namorei meu marido com 14 anos de idade ele com 21, casamos 8 anos depois, daí em diante montanha russa. Não tive sossego um minuto se quer.
Fui psicologa, mãe e ele me deu um trabalhão mas me trouxe luz e vida.
Investi pesado, amadurecemos juntos, valeu muito a pena!!
Espero, e penso que sim dei muito trabalho também p/ ele.
Foi show ter aprofundado em conhecermos mutuamente, porque ele tinha e tem conteúdo p/ isso...
E eu sou legal pra caramba!! (rsr)
Abç ae e
valeu pelo texto!
rs, que medo, CMachado!! quem é você???rs...
ResponderExcluirAdorei o texto, como todos os outros. Quando puder, escreve mais pra gente, adoro ler seus textos.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
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