Não sei se sou só eu, mas vocês já repararam que a ditadura do
politicamente correto colocou tudo no mesmo saco. E não importa o panteão, pode
ser literatura, cinema, comida, música ou aquela bosta de novela que passa na
tv.
Qualquer critica, o menor comentário e já ouvimos: “Ah, mas essa é a
sua opinião”. É lógico que é a minha
opinião, seria de quem? Não fui eu quem a emitiu? É basilar que não importa
quem proferiu a ideia, mas sim a ideia em si.
De um tempo para cá, a análise recebeu a alforria de se desposar da
necessidade da profundidade mínima apenas para atender ao bem estar psicológico
do próximo. E o resultado disso é que tudo ficou no campo do tal do “é
subjetivo”.
Bom demais né? Tudo é subjetivo agora. Subjetivo “my balls”!!!! Ótimo,
então se eu disser que o programa do Faustão é uma ode à diversão dominical,
isso é subjetivo? Se eu afirmar que o nazismo foi mal compreendido, isso é
subjetivo? Se eu disser que o Luan Santana produz música de qualidade, isso é
subjetivo? Bom, talvez para você. Para mim o nome disso é mentira. Mas é por
isso que se faz necessária a crítica racional e com o máximo de distanciamento
emocional possível.
O grande problema do mi-mi-mi embutido no discurso do “político
correto”, é que as pessoas se esqueceram repentinamente que existem SIM coisas
que são ruins e coisas que são boas, independentemente da SUA ou da MINHA
opinião.
Se você quer tapar o sol com a peneira e enrolar com conversa de
botequim para justificar que, a auto-ajuda de Paulo Coelho avalizada pela
Academia Brasileira de Letras é literatura de primeira, então tá, é seu
direito, mas lembre apenas que, os “Marimbondos de Fogo” do “Zé Sirney” também
o foram. Isso só para traçar um parâmetro de que existem considerações a serem
feitas para se dizer que algo presta ou não presta.
Você por exemplo, pode adorar “Twilight”, mas no mundo adulto, isso não será levado à sério, porque não
existe qualidade naquela joça que sobreviva ao escrutínio de alguém que desenvolveu
o hábito de leitura ao longo da vida. Porque suas únicas virtudes foram de
cunho comercial e de levar milhões de jovens ao redor do mundo a uma histeria
digna de revista Capricho, tudo isso da noite para o dia. Isso porque os livros
são mal escritos, com vocabulário pobre, história primária, com personagens
superficiais e com uma protagonista que é um verdadeiro exemplo de submissão
feminina.
Aceite isso. Se quiser se rasgar, xingar, fazer passeata, fique à
vontade. Mas adianto...não vai alterar absolutamente nada. Se gritar
resolvesse, porco não morria. Dito isso, antes que joguem em minha cabeça um
celular rosa, com adesivos de unicórnios
e arco-íris, lembro aqui que, esse texto NÃO se direciona a “Saga” em comento,
isso foi apenas um exemplo.
Você pode até argumentar: “Pôxa, mas é só entretenimento”. Ok,
também gosto de me divertir. Mas então não diga que é o Mausoléu de Halicarnasso.
A mixórdia começa quando se atribui a algo, um condão que ele não possui. E
mais ainda, mesmo que se diga que é “apenas” entretenimento, será que não
existe diferença entre bom entretenimento ou entretenimento ruim? Será que a
construção de “Caçadores da Arca Perdida” tem o mesmo esmero e elã que
Crepúsculo? Diga você.
Ah, então nem tudo deve ser subjetivo né? Qual o critério que você
utiliza para separar o Al Pacino do Murilo Benício? Os dois possuem a mesma
qualidade?
É cristalino que se deixarmos o fascismo do politicamente correto de
lado por dois segundos, não precisaremos pensar muito. NÃO! NÃO SÃO IGUAIS! Não
possuem o mesmo nível e consistência como ator e nem a mãe do querido Murilo
diria isso em sã consciência. Veja bem, isso INDEPENDE da sua opinião. a
É de bom alvitre ressaltar que precisamos distinguir os comentários.
Cada vez mais dizer que gosta ou que não gosta é suficiente, quando de fato não
é. Ocorre que, quando se ultrapassa o palpite pedestre, o risco aumenta, as
exigências se tornam maiores. E para fazer isso com um pouco de competência, dá
trabalho. É preciso mais leitura, mais conhecimento, mais dedicação, quiçá,
mais estrada.
Claro que, mesmo isso, não exclui o erro. Grandes críticos fizeram
avaliações tolas, emotivas, paternalistas. Mas ainda assim, é preciso que
exista uma distinção, que tentemos relevar os quesitos técnicos da escrita e da
direção por exemplo.
Quando lemos um livro, o vocabulário utilizado deve atender ao seu
propósito, transmitir a ideia com exatidão. O roteiro deve oferecer sentido e
liga à trama, a trilha sonora deve emoldurar propriamente a o filme. O que
quero dizer é que, tudo isso vale mais do que o: “eu achei legal e essa é a
minha opinião, você tem que respeitar”. São pesos diferentes, percebem?
Aliás, essa coisa do respeito automático me dá nos nervos. Devo
“respeitar” sua opinião porque? E se a sua opinião for ruim? E se não fizer
sentido? Gente, respeito se conquista, não deve ser entregue de mão beijada.
Existe uma condescendência nefasta, retrógrada e que produz um desserviço na
cabeça das pessoas, quando se para na opinião dissociada de arrimo. Se quiserem
chamar isso de arrogância, não faz mal, não sou contra a arrogância baseada em
conhecimento superior, prefiro isso à opinião de gente que não sabe separar
berimbau de gaita. Se o argumento for bom, cirúrgico, está valendo, é positivo,
balsâmico.
Novamente: não disse que é preciso estudo direcionado ou
especialização para se emitir um bom comentário ou se fazer uma boa resenha.
Mas em contrapartida, acredito que quanto mais estudo, mais leitura e mais
conhecimento se tiver, mais próximo da excelência se chegará. Isso é fato né?
O que precisa ficar claro é que, temos que parar de deixar de dizer
o que pensamos por medo de machucar o gosto do outro. Existe uma diferença
entre se atacar a obra e se atacar a pessoa que gosta da obra.
Posso afirmar (se fundamentar) que tal livro é ruim. Isso é válido,
deve ser incentivado e quem recebeu a contradita não deve ficar “putinho” a
menos que tenha 12 anos de idade. Mas não posso xingar, não devo direcionar a
minha crítica à pessoa que emitiu a opinião.
Tentar desmerecer quem fez o comentário atacando o comentarista e
não o próprio comentário em si, é uma falácia clássica que se chama “ad
hominem”. É sinal de fraqueza, é para quem já perdeu a discussão. Tenho certeza
de que você pode fazer melhor do que isso, não pode? Então faça!
Sendo assim, quando for deixar um comentário do tipo: “achei uma
merda”, ou “que porcaria”, saiba que você só gastou dedo. É puro nitrato de
polipeido. Você não transmitiu nada, só agrediu alguém que teve mais coragem do
que você e se expôs, fazendo um vídeo, escrevendo uma resenha, passando uma
ideia.
Toda vez que você ficar tentado a fazer esse tipo de intervenção
estúpida, se contenha e lembre que, ao invés de fazê-lo, a atitude apropriada é
fazer melhor, ou pelo menos, embasar generosamente o comentário. Falar qualquer
um fala. Querem ver? “Hunger Games é uma obra prima da literatura moderna, se
Virgílio estivesse vivo e lesse tal monumento, cortaria os pulsos de inveja”.
Pronto, falei. Isso se tornou verdadeiro só porque eu falei? Tem substância,
valor didático ou analítico. Não né?
De qualquer maneira, vou torcer para que daqui a algum tempo essa
bobagem reducionista de achar que “o que vale mesmo é se você gostou”, seja
enterrada de vez. Isso não ajuda ao desenvolvimento intelectual de ninguém,
muito pelo contrário.
Por derradeiro me vou indo, afinal tenho coisas espetaculares para
fazer hoje. Preciso ouvir o cd que
comprei do grupo Molejo, ver um filme do Steven Seagal que aluguei e também
tenho que terminar de ler o livro que a Xuxa escreveu, que é uma maravilha. O quê?!?!
Não vão me dizer que não gostam! que essas coisas são ruins! Mas como assim não
gostam!? Por favor respeitem a minha opinião! Afinal,
tudo é subjetivo ora... ou será que não?
Hpcharles
Concordo, as pessoas adoram criticar ,mas raramente respeitam as opiniões alheias.
ResponderExcluirhttp://estantedore.blogspot.com.br/
lindo texto.
ResponderExcluirMas como o que é ruim e é bom é decidido? Quem faz isso? Não são as pessoas? E o que é uma opinião ruim? E já que a opinião individual tem que acabar todos tem que gostar da mesma coisa? Não entendi qual é o seu problema com opiniões diferentes.
ResponderExcluirTudo bem, muitas vezes deixa-se de falar para agradar, mas também quer dizer que sabe respeitar o que é diferente, mesmo que não suporte. Se você gosta de rock e a sua amiga gosta de pagode você tenta mudar o gosto dela, como é que é? E quem gosta de Molejo tem gosto musical ruim? Quem disse isso?
Eu gosto de Glee. Você pode me dizer que é ruim, sem conteúdo, blá blá blá. Eu vou deixar de gostar? A série vai se tornar ruim porque você disse? E a mesma coisa, se você gosta de um clássico literário e eu odeio, ele é bom pois você gosta? Ou ele é ruim porque eu não gosto? Eu acho que qualquer coisa pode ser boa ou ruim (animais, livros, música, lugares) depende da experiência e do gosto de cada um.
E se “o que vale mesmo é se você gostou” for enterrado o que vai valer? O que vale é o que os outros gostam? Quem vai decidir os livros que eu compro, as músicas que eu ouço vão ser os críticos da música e do cinema?
"Devo “respeitar” sua opinião porque? E se a sua opinião for ruim?" Então toda vez que tiver uma opinião que seja diferente da sua e você não gostar, você impõe a sua? Já que é assim, as pessoas também podem chegar em você e dizer que a sua opinião é ruim?
É Adrielly, acho que vc não entendeu o texto. Leia de novo.
ResponderExcluirNão afirmei que vc DEVE não exercer a sua individualidade e opinião, apenas aduzi que ela deve ser justificada, fundamentada.
Não se trata de minha opinião ou da sua, e sim do que a suporta. Vc acha Molejo bom? Ótimo, mas só dizer que é bom não significa nada. O texto cuida disso.
Vc pode continuar a comprar os livros de que gosta e as séries de que vc gosta, ninguém vai impedi-la por uma opinião, ou vai?
O texto sequer fala sobre isso. A questão "in casu", é o processo e o cuidado que devemos ter em qualificar e classificar algo.
O problema é que hoje em dia, basta uma crítica para as pessoas transformarem suas preferências literárias, musicais ou cinematográficas em uma verdadeira guerra.
Nesse sentido, se vc não diz porque gosta ou porque não gosta, toda a opinião é igual, tudo tem o mesmo peso, quando de fato não tem.
E mais, quem disse que as pessoas não podem dizer que a minha opinião é ruim? Onde escrevi isso? É justamente de encontro a isso que escrevi o texto. Desde que fundamentem não possuo o menor problema com isso, pelo contrário.
1 abç.
Comecei a tomar gosto pela leitura em 2009, quando os livros da Meyer estavam fazendo muito sucesso. O que me levou a lê-los foi justamente a simplicidade da escrita, e na época eu achava que eram os melhores livros do mundo. Graças a Deus alcancei vôos mais
ResponderExcluirlongos com Emily Brontë, Jane Austen e outros consagrados escritores. Agora, ao ver minha coleção de Crepúsculo no meu criado-mudo, sinto uma forte vontade de queimar todos eles rsrs
Penso que o importante na literatura não é de como você começou, e sim aonde você foi parar. Hoje os clássicos são meus melhores amigos. Espero que para sempre!
Adorei seu texto :)
Oi Tati,está de parabéns pelos videos,como sempre excelentes.
ResponderExcluirTati criei recentemente um blog para download de Filmes,Séries,e em breve livros e musicas,se possível poderia dar uma passadinha por lá e conferir se está legal?
http://perpetuaexistencia.blogspot.com.br/
Bjs
Então, eu respeito o gosto alheio, quer gostar de Crepúsculo? Goste, quer gostar de Funk? Goste também, o problema é todo seu. Assim como respeito opiniões, culturas, religiões e tudo o que for diferente do meu. Porém eu acho válido saber diferenciar o 'bom' do 'ruim', eu admito que gosto de muitas coisas ruins, gosto mesmo, é o meu GOSTO, afinal de contas, mas eu sempre sei porque eu gosto de algo afinal de contas, independente de ser algo bom ou ruim. O citado no texto Hunger Games por exemplo, eu gosto, mas eu acho a trilogia mediana, não é boa, mas também não é ruim. Dizem que 1984 é bom, e eu acredito, embora ainda não tenha lido para tirar minhas próprias 'conclusões', e mesmo quando eu ler pode ser que eu não goste, e só por isso eu vou dizer que é ruim? Sendo que provavelmente é um livro bom? Assim como Crepúsculo é ruim, e nós não podemos impedir nenhuma crespulete a gostar da saga. Mas vá perguntar a qualquer uma delas porque elas gostaram. Outro dia mesmo, a aula tinha acabado e o professor ao invés de sair começou a conversar com a turma sobre filmes, uma crespulete, simplesmente gritou do meio da sala, que estava ansiosa pelo último filme da saga, esperando acho eu que todos também estivessem tão ansiosos quanto ela. Mais de metade da sala exclamou: 'Grande coisa' ou, 'filme de viado' e etc. A partir daí, a menina começou com um "Ah, mas eu gosto" sem fim, o professor pediu pra ela explicar porque ela gostava, e tudo o que ela sabia repetir era isso. Então, acho que o grande problema é esse, as pessoas gostam das coisas, mas nem sabem explicar 'o porque' e aí, quando alguém com uma opinião verdadeira e formada sobre o assunto aparece começam as brigas sem sentido.
ResponderExcluirNão sei se sabes dessa, mas estava eu lendo contos completos de Jorge Luiz Borges e me deparo com a noite 272 das mil e uma noites. A estória se chama: la historia de los dos que soñaran. Bem, eu já li muito Paulo Coelho e sempre achei que ele tinha psicografado o Alquimista, dada a diferença desse de seus outros livros, tipo: diário de um mago. E ali estava a resposta para minha desconfiança, foi um plágio descarado e que eu saiba, nunca assumido. Só um espanhol na internet reparou nisso também. É incrível!
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