“Depois de ter sido condicionada na infância a uma terra do nunca cheia de magia, de fadas e donzelas virginais, de princesinhas e seus roseirais, de ursos comoventes e asnos Eyore, da vida personalizada, como os pagãos amavam, da varinha de condão, das ilustrações impecáveis – a linda menina de cabelos escuros (que era você) voando pelo céu noturno da caixa da caixa de costura da mãe no caminho feito de estrelas, - - de Griselda em seu manto de plumas, caminhando descalça com o Cuco no mundo dos mandarins fazendo mesuras, iluminados por lanternas, - - de Delícia em seu jardim florido com as fadas das flores de pernas esguias, -- do Hobbit e dos anões usando cintos de ouro e capuzes azuis e roxos, tomando cerveja e cantando sobre dragões nas cavernas do vale - - - - tudo isso eu sabia e sentia, e acreditava. Tudo isso era minha vida quando eu era pequena. Sair daí para a realidade do mundo “adulto”. Sentir a pele tenra dos dedos infantis engrossar; sentir os órgãos sexuais se desenvolverem e o chamado intenso da carne; adquirir consciência da escola, exames (as próprias palavras desagradáveis como o som do giz a riscar o quadro-negro), pão com manteiga, casamento, sexo, compatibilidade, guerra, economia, morte e ego. Mas que patética obliteração da beleza e realidade da infância. Sem querer ser sentimental, como pareço, mas por que diabos fomos condicionados ao morango-com-chantilly do mundo-da-Mamãe-Gansa, à fábula de Alice-no-País-das-Maravilhas, para sofrer o trauma na carne ao crescermos, tomando consciência de nós como indivíduos cheios de responsabilidades maçantes na vida?” (Sylvia Plath)
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